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sexta-feira, 04 janeiro 2019 03:08

Que possibilidades para Manuel Chang? (Análise)

Cyril Ramaphosa assumiu o cargo de Presidente da África do Sul, a 15 de Fevereiro de 2018, depois de Jacob Zuma ter sido forçado a renunciar devido a inúmeras denúncias de corrupção e reclamações sobre as suas ligações à família Gupta, acto que deixou o Congresso Nacional Africano (ANC) dividido. A Frelimo está igualmente dividida sobre a dívida secreta e a corrupção generalizada que ocorreram durante a administração de Armando Guebuza, mas até agora este partido protegeu as pessoas envolvidas neste caso. Zuma permaneceu algum tempo em Maputo durante a guerra de libertação do ANC e tem bons contactos na liderança da Frelimo.

 

A escolha de Rudi Krause, o homem que defendeu as famílias Gupta e Zuma, como advogado de Chang, sugere que a facção de Guebuza está à procura de apoio da facção Zuma no ANC para pressionar politicamente e bloquear a extradição de Chang. Mas Ramaphosa tornou-se Presidente numa plataforma anti-corrupção, por isso não estaria disposto a ser visto em apoio aos envolvidos na dívida secreta de Moçambique. É improvável que os tribunais sul-africanos resistam a um mandado de prisão dos EUA. No entanto, manobras legais por um advogado hábil como Krause e manipulação política pela facção Zuma no ANC poderiam adiar as audiências de extradição por algum tempo - e eles podem manter Chang na África do Sul até depois da eleição presidencial de Outubro em Moçambique.

 

Os EUA perseguiram Chang porque ele é provavelmente o mais bem informado sobre as transacções financeiras em torno da dívida secreta e pode fornecer evidências contra “peixes” maiores, incluindo, eventualmente, Guebuza. Então, os EUA vão querer negociar um acordo com ele. Sem um entendimento, Chang poderá passar o resto da vida na prisão nos EUA. Os dois lados vão tentar chegar a um pacto que envolva o máximo de informações e um mínimo de punições.

 

Enquanto isso, Chang tem motivos para se sentir nervoso. O último grande escândalo bancário ocorreu entre 1995 e 2001, quando pelo menos 400 milhões de USD foram roubados do sistema bancário. Três pessoas que se acreditavam estarem prestes a revelar detalhes da corrupção foram mortas - o Director do antigo BCM, José Alberto de Lima Félix; Passarinho Fumo, Gerente de uma agência de BCM, e António Siba-Siba Macuá cua, Director de supervisão bancária do Banco de Moçambique, que foi nomeado Presidente do Banco Austral para limpar a bagunça. Não houve processos, mesmo de suspeitos, e os quadros seniores da Frelimo foram protegidos. Não seria surpreendente que Chang se sentisse mais seguro nos EUA. (Joseph Hanlon)

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