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sexta-feira, 24 julho 2020 06:17

“Todas as escolas só irão reabrir quando as condições estiverem criadas” – diz Carmelita Namashulua

A Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano, Carmelita Namashulua, garantiu, na noite desta quarta-feira, que as escolas só irão reabrir depois que as condições estiverem criadas. A garantia foi dada aos moçambicanos, durante a entrevista concedida à Televisão de Moçambique (TVM).

 

Na sua locução, Namashulua disse que a pandemia da Covid-19 está a comprometer, em grande medida, as actividades lectivas, porém, anotou que o importante é o seu sector se adaptar à nova realidade, criando condições de saúde e higiene nos estabelecimentos de ensino, de modo a proporcionar um ambiente são e livre do novo coronavírus. Aliás, a governante sublinhou que, por conta desta pandemia, as escolas terão de redimensionar as turmas.

 

“Em termos de calendário lectivo, estamos a rever os conteúdos para que, quando tivermos a retoma, seja garantida uma percentagem de 76% do fundo do tempo para que as crianças adquiram as competências necessárias para transitar para a outra classe”, explicou a governante, quando abordada acerca da engenharia a ser realizada para o ajuste do calendário lectivo.

 

Por outro lado, a Ministra da Educação e Desenvolvimento Humano reafirmou a possibilidade de as aulas prolongarem-se até 2021, como forma de compensar o “tempo perdido”.

 

“A ideia é que, se os alunos retornarem, e tendo em conta o período de duração da pandemia (por volta de dois a três anos), todas as acções devem ser tendentes a gerir a situação da doença com os pés no chão, adaptado os programas a esta situação. Assim sendo, os alunos não poderão permanecer mais tempo na escola e terão dias alternados para ir às aulas. Isto é, se uma turma vai na segunda, a outra vai na terça ou quinta e permanecerão no recinto apenas quatro horas de tempo para que não fiquem expostos ao coronavírus”, explicou.

 

Para Carmelita Namashulua, o importante é saber-se que o ano lectivo de 2020 deve ser conectado ao ano lectivo de 2021 e assim sucessivamente. “Provavelmente, só em 2023 é que se poderá ajustar o calendário aos moldes anteriores”, perspectivou.

 

Tendo em conta a extensão do prazo para a reabilitação das escolas (até Setembro ou Outubro), a titular da pasta da educação garantiu que o facto não irá inviabilizar o arranque das aulas, porém, em jeito de contradição, disse que as aulas só irão arrancar, quando as escolas estiverem em condições.

 

“Os alunos só poderão voltar à escola quando as mesmas tiverem condições criadas. Porém, isto não irá influenciar no ano lectivo. Por exemplo, se até finais do mês de Agosto, todas as escolas tiverem condições sanitárias, mas, houver um local onde a pandemia esteja numa situação de transmissão local, essa escola, nessa comunidade, não vai abrir. O sector vai ajustar-se e terá de encontrar estratégias para a nova realidade”, disse.

 

Namashulua reafirmou ainda que, caso se diagnostique Covid-19 entre os alunos, professores e demais membros da escola, a mesma irá fechar, sendo que os responsáveis pela educação no país irão reajustar os programas, tendo em conta a situação real e concreta da escola afectada.

 

Em relação aos transportes públicos e semi-colectivos, que constituem a maior preocupação dos pais e encarregados de educação, sobretudo nos maiores centros urbanos, a governante disse existirem actividades a serem desenvolvidas e que já estão a “equacionar” mecanismos ideais para o transporte dos alunos.

 

Sobre o modelo actual de ensino, baseado nas fichas de apontamento e de exercício, a titular da pasta da educação reiterou que o mesmo não será alvo de avaliação, tendo em conta os diversos tipos de avaliação. “Por exemplo, quando as aulas retornarem, os alunos terão duas semanas para a recapitulação, aí será feita a avaliação diagnóstica para perceber até que ponto os alunos estão preparados para aquisição de novos conteúdos”, avançou, apontando este modelo como uma forma de ocupar os alunos neste período.

 

Quanto à anulação do ano lectivo, a governante disse ser uma questão polémica, pois, “mesmo nos países onde foi tomada esta decisão, há também discussões e, das reflexões que estão sendo feitas..., por exemplo, se as obras levarem mais tempo, as aulas poderão ser estendidas até Abril, mas tudo depende da Covid-19 e das decisões do governo”, atirou.

 

Mais adiante reafirmou a tese do “congestionamento do sistema”, caso se anule o ano lectivo. “Nós temos, por ano, 1.500.000 crianças que entram para a primeira classe e este pode ser um grande congestionamento, visto que não temos condições para gerir três milhões de crianças na 1ª classe, mas deixemos que o governo avalie”, atirou, mais uma vez, a “batata-quente” aos colegas do Conselho de Ministros.

 

Referir que as aulas tinham sido programadas para que retomassem na próxima segunda-feira, 27 de Julho, porém, o Chefe de Estado recuou da decisão e mandou toda a gente aguardar pela melhoria das condições de saneamento nas escolas, um processo que poderá levar quase três meses. Lembre-se, as aulas foram interrompidas no passado dia 20 de Março, devido à pandemia do novo coronavírus. (Marta Afonso)

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