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sexta-feira, 10 julho 2020 06:26

Sociedade Civil quer comissão multissectorial para dialogar com Mariano Nhongo

A auto-proclamada Junta Militar da Renamo, liderada por Mariano Nhongo, continua a ensombrar o processo que deve culminar com o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR). Esta quinta-feira, Organizações da Sociedade Civil (OSC) sentaram-se à mesma mesa para debater o andamento do DDR, com particular enfoque para o “caso Mariano Nhongo” que teima em não se juntar ao processo.

 

E porque as suas declarações e acções colocam uma nuvem negra no processo, as Organizações da Sociedade Civil defenderam a necessidade da criação de uma comissão multissectorial para dialogar com Mariano Nhongo e seus correligionários. A comissão, defende o grupo, deve ser criada com “carácter de urgência”.

 

Tal necessidade foi vincada durante a mesa redonda virtual, organizada pelo Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), que tinha por objecto buscar soluções pacíficas e sustentáveis para pôr fim aos ataques armados que têm ameaçado o processo de busca da paz perene no país.

 

De acordo com as autoridades policiais, os ataques a alvos civis e a unidades policiais são perpetrados pela auto-denominada Junta Militar liderada pelo Major General Mariano Nhongo.

 

No passado mês de Junho, o enviado particular do Secretário-Geral das Nações Unidas e Presidente do Grupo de Contacto, Mirko Manzoni, disse que o líder da auto-proclamada Junta Militar da Renamo é inflexível e que todas as tentativas de diálogo tendo em vista a aproximação de posições fracassaram.

 

Manzoni disse ainda que o Presidente da República, Filipe Nyusi, e o líder da Renamo, Ossufo Momade, tentaram dialogar com Mariano Nhongo, mas este último jamais mostrou abertura e disponibilidade para o efeito.

 

O processo que deve culminar com o DDR do braço armado da Renamo prevê abranger cerca de 5 mil guerrilheiros. Desde a retomada do processo a 4 de Junho findo, pouco mais de 340 guerrilheiros foram abrangidos, sendo que entregaram, na ocasião, as suas armas e receberam roupa, material de construção e valores monetários que variam de acordo com a patente de cada um.

 

No dia 13 de Junho, o Grupo que assiste o DDR anunciou o encerramento da primeira base da Renamo, nas proximidades de Dondo, igualmente na província de Sofala.

 

O Presidente da República avançou, recorde-se, durante as celebrações dos 45 da Independência Nacional, que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração será concluído em Junho de 2021.

 

O DDR arrancou, oficialmente, a 29 de Julho de 2019, tendo permanecido em “banho-maria” quase um ano devido, entre outros, a constrangimentos de ordem logística, com particular destaque para a disponibilidade de fundos.

 

O Bispo Dinis Matsolo disse ser imprescindível o envolvimento de todos os actores no processo, precisamente, porque o assunto da “paz e bem-estar da nação” é preocupação de todos os nós.

 

Por seu turno, Hermenegildo Mulhovo, director executivo do IMD, anotou que o DDR já está em curso e é urgente que os elementos que compõem a auto-proclamada Junta Militar da Renamo façam parte do processo, sendo imprescindível encontrar formas de integrá-los no processo.

 

“Acreditamos que esta paz só vai ser sustentável se todos nós, como moçambicanos, darmos o nosso apoio, a nossa contribuição e a Junta Militar é, extremamente, fundamental para que possamos ter de facto essa paz sustentável”. (Carta)

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