Mais um grupo de ex-guerrilheiros pertencentes à Renamo procede hoje (quinta-feira) à entrega de material bélico. Ao todo, são 251 ex-guerrilheiros que, em cerimónia a realizar-se em Muxúnguè, distrito de Chibabava, província de Sofala, entregarão as suas respectivas armas no quadro dos Acordos de Paz celebrados em Agosto do ano passado. A informação foi confirmada à “Carta de Moçambique”, na tarde de ontem, por fonte próxima ao processo.
O processo, que deve culminar com o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) do braço armado do maior partido da oposição, prevê abranger cerca de 5 mil guerrilheiros. Desde a retomada do processo, a 4 de Junho findo, pouco mais de 340 guerrilheiros foram abrangidos, que, na ocasião, entregaram as suas armas e receberam roupa, material de construção e valores monetários que variam de acordo com a patente de cada um.
No passado dia 13 de Junho foi anunciado, no âmbito da materialização do DDR, o encerramento da primeira base da Renamo, no distrito de Dondo, igualmente na província de Sofala.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou, recorde-se, durante as celebrações dos 45 anos da Independência Nacional, que o processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos cinco mil guerrilheiros do maior partido da oposição será concluído em Junho de 2021.
O DDR arrancou, oficialmente, a 29 de Julho de 2019, tendo permanecido em “banho-maria” quase um ano devido, entre outros, a constrangimentos de ordem logística, com particular destaque para disponibilidade de fundos.
Entretanto, o processo vem sendo ensobrado pela falta de colaboração de Mariano Nhongo, líder da auto-denominada Junta Militar da Renamo, a quem se imputa a autoria moral e material dos ataques nas províncias de Sofala e Manica, região Centro do país. Aliás, Mirko Manzoni, enviado pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas e Presidente do Grupo de Contacto, lamentou, há semanas, o facto de Mariano Nhongo não estar a colaborar no processo da busca da paz no país.
No último domingo, um autocarro de transporte de passageiros foi atacado na Estrada Nacional Número Um (EN1), na zona de Inchope, distrito de Gondola, província de Manica. Na sequência do ataque, um menor foi atingido mortalmente e quatro adultos contraíram ferimentos, entre graves e ligeiros. A autoria material é imputada à auto-proclamada Junta Militar.
No entanto, “Carta” soube de fonte impecável que, na madrugada desta quarta-feira, as Forças de Defesa e Segurança (FDS), na sua actividade de perseguição aos homens da auto-proclamada Junta Militar, dispararam acidentalmente contra uma subunidade das forças da Renamo, em Marínguè.
A fonte revelou que as FDS confundiram a subunidade da Renamo com uma possível base dos homens comandados por Mariano Nhongo. Tal situação deixou atónitos os guerrilheiros da Renamo estacionados naquele ponto, aguardando pelo DDR. (Carta)