Está cada vez mais instalado o “pânico” na República de Moçambique, devido à possível propagação do coronavírus no território nacional. Depois de diversas conferências de imprensa, realizadas pelo Ministério da Saúde a propósito desta pandemia, este sábado, foi a vez do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, dirigir-se à nação para anunciar novas medidas, com vista a evitar o risco de propagação da doença no país.
Uma das medidas anunciadas pelo Chefe de Estado, numa comunicação de quase 10 minutos, foi da suspensão de organização de todo o tipo de evento com mais de 300 pessoas, assim como desencorajar que os mesmos ocorram em espaços fechados e sem ventilação adequada.
A medida, que não foi acompanhada pelo respectivo calendário de implementação, tal como acontece nos outros países, irá afectar o arranque do principal campeonato nacional do futebol, Moçambola-2020, assim como o decurso de outros eventos desportivos, políticos e culturais.
Como resultado das medidas anunciadas por Filipe Nyusi, a Federação Moçambicana de Futebol (FMF) anunciou, este domingo, a proibição de organização de jogos de futebol, futsal e futebol de praia, de carácter amador ou profissional, com aglomeração de mais de 300 pessoas; a proibição de participação de equipas e clubes nacionais em torneios organizados em território estrangeiro; e a proibição de aperto de mão entre atletas e oficiais, antes do início do jogo. O órgão reitor do futebol moçambicano sublinha que as medidas serão implementadas por um período indeterminado.
Por seu turno, a Comissão Política do Partido Frelimo decidiu adiar a Sessão Ordinária do Comité Central, que estava agendada para os dias 20 a 22 de Março próximo, para uma data ainda a anunciar.
Na sua comunicação proferida no princípio da noite de sábado, o Chefe de Estado anunciou também a suspensão de todas as deslocações do Estado para fora do país, mas também sem revelar o período de vigência da medida. Filipe Jacinto Nyusi estava de “malas aviadas” para Guiné-Equatorial e Gana, onde faria visitas de Estado, entre finais deste mês e princípios do mês de Abril, respectivamente.
Nyusi anunciou ainda a introdução de quarentenas obrigatórias de 14 dias para todos os cidadãos provenientes de países com transmissão activa considerada, independentemente da nacionalidade; o isolamento de todos os casos com sintomatologia grave; e o rastreio de todos os cidadãos em todos os pontos de entrada no país.
“O Governo está a acompanhar a situação da pandemia e a criar condições para mitigar os possíveis impactos sobre a economia. Estamos empenhados em prover meios no nosso Sistema Nacional de Saúde, como enfermarias de isolamento, de diagnóstico, pessoal e equipamento em prontidão para responder a possíveis casos de contágio”, garantiu o Chefe de Estado, em jeito de reforço às garantias dadas, há dias, pelo Ministro da Saúde, Armindo Tiago.
Segundo o Presidente da República, em Moçambique já foram testados 10 suspeitos, mas todos com resultados negativos. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) refere que a pandemia do novo coronavírus acontece num momento em que o nosso país apresenta um sistema de saúde sobrecarregado, havendo limitações para lidar com doenças como HIV/SIDA, malária, tuberculose e outras infecções.
Lembre-se que o coronavírus surgiu na República Popular da China, em Dezembro último, e já infectou cerca de 150 mil pessoas, em todo o mundo, das quais perto de 6.000 perderam a vida. A OMS declarou, na passada quarta-feira, 11 de Março, o Covid-19 de pandemia. (Carta)