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terça-feira, 25 fevereiro 2020 03:25

Atraso salarial de “quatro meses” leva funcionários da Autarquia do Gurúè a manifestarem-se em pleno dia da Cidade

A Cidade do Gurúè celebrava, nesta segunda-feira, 24, o seu 48º aniversário de elevação à categoria de Cidade, quando mais de uma dezena de funcionários do Conselho Autárquico da Cidade do Gurúè saíram à rua para manifestar a sua insatisfação contra o Edil daquela cidade, devido aos atrasos salarias, que se verificam há quatro meses.

 

A acção do grupo, que exibia dísticos dizendo “Aniceto é corrupto, queremos justiça”; “Funcionários do Conselho Municipal do Gurúè, exigimos salários de quatro meses”; “Pedimos demissão de Aniceto”, culminou nas instalações do Conselho Autárquico local, onde se realizou uma reunião aberta, dirigida pelo próprio Edil, José Aniceto.

 

Miguel Brás, porta-voz dos funcionários grevistas, explicou, em entrevista à “Carta”, que os funcionários convocaram a manifestação devido à “falta de palavra” do seu Edil. Brás disse que o Presidente do Município afirmou, em entrevista a um Jornal local, que o dossier dos salários “já estava ultrapassado”, facto que não constituía verdade, uma vez que existia um acordo entre as partes.

 

Miguel Brás revelou que o ambiente no Município do Gurúè não era saudável, mas que os funcionários não levavam em conta, uma vez que “não estamos cá em representação de nenhuma cor partidária”.

 

À “Carta”, Brás disse que, em causa, estão quatro meses de atraso salarial, correspondente aos meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, incluindo o 13º vencimento, que até ao momento ainda não se reflectiu nas contas dos 420 funcionários da Edilidade.

 

O representante dos grevistas disse ainda que a Comandante Distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), no Gurúè, tentou impedir a manifestação, alegadamente porque estava a caminho uma equipa ministerial que, nesta terça-feira, irá iniciar uma auditoria às contas do Município, por um lado, e, por outro, por se tratar de um dia comemorativo para a “cidade do chá”.

 

Miguel Brás reiterou que, enquanto não resolverem a situação, o grupo não irá desconvocar a manifestação, uma vez que tem informação de que os fundos alocados ao pagamento de salários já haviam sido depositados nas contas da edilidade há dias.

 

Entretanto, à nossa reportagem, José Aniceto, presidente do Conselho Autárquico do Gurúè, nega ter recebido qualquer valor para pagar os salários em atraso, tendo garantido apenas que o Ministério da Economia e Finanças já havia transferido os fundos inerentes ao pagamento do mês de Dezembro, faltando apenas Janeiro e Fevereiro que, no seu entender, ainda não terminou.

 

O Edil disse que a comunicação da greve não tinha assinatura, facto que, no entender da Edilidade, torna a manifestação ilegal. José Aniceto avançou ainda que o caso abrange 311 funcionários da edilidade, contando com os membros da Assembleia Municipal, vereadores e os restantes funcionários.

 

José Aniceto afirmou que a edilidade está a trabalhar com um grupo de inspecção do MEF, que se encontra na Vila do Gurúè para aferir a situação financeira da autarquia e que, a partir desta terça-feira, iniciaria com o pagamento de pelo menos um mês dos salários atrasados, com o valor existente nas contas da Edilidade. (O.O.)

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