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Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
sexta-feira, 21 fevereiro 2020 05:23

Água continua a não jorrar em alguns bairros da cidade de Maputo

 

Apesar do anúncio do Governo sobre a normalização no abastecimento de água, desde a última quarta-feira, alguns bairros da cidade e província de Maputo ainda continuam a ressentir-se da falta do líquido precioso.

 

“Carta” testemunhou este facto, na manhã desta quinta-feira, em alguns bairros da capital do país. Relatos colhidos de algumas famílias, residentes nos bairros do Aeroporto A, Polana Caniço A, Maxaquene B, Mafalala e uma parte do bairro do Chamanculo dão conta de ainda não ter pingado sequer uma gota nas suas torneiras, desde o anúncio da normalização da distribuição de água, na capital do país, após a conclusão das obras de reposição da conduta que transporta a água para a região do “Grande Maputo”, que desabou no passado dia 08 de Fevereiro.

 

No bairro do Aeroporto A, “Carta” testemunhou três situações, em que grupos de cidadãos, compostos por adultos, crianças, jovens e até idosos, socorriam-se da água que “escapava” de alguns tubos ou condutas furadas. Em concreto, os referidos cidadãos abriam pequenas covas, em todas as zonas onde os solos se apresentavam húmidos, de modo a aproveitar a água que jorrava dos tubos “furados”.

 

Os residentes interpelados pela nossa reportagem falam de um gasto diário de 100 Mts, para adquirir o precioso líquido. João Alculeto, residente daquele bairro da capital do país, contou à nossa reportagem que, diariamente, consegue 300 a 400 Mts, tirando água com sua carinha de mão para fornecer as famílias daquele bairro. A fonte contou que trabalhava no transporte de carvão vegetal, mas com a crise de água foi obrigado a mudar para o transporte de água.

 

“Todos os dias, quando são 05:00 horas da manhã, tiro minha carinha de mão e vou à casa de algumas famílias para saber se precisam de água. Sou obrigado a percorrer vários quilómetros em busca da água. Compro cada bidão a 05 meticais e para transportar cobro 05 meticais por cada dois bidões”, conta a fonte, sublinhando ser difícil encontrar fontenários, naquele bairro.

 

“Somos obrigados a recorrer à água das residências, que consomem água dos furos”, sublinha, revelando que a sua rotina termina às 19:00 horas.

 

Outro cidadão, que viu o seu trabalho mudar de rotina, devido à falta de água é Alcides Bonifácio, funcionário de uma “Casa de Hóspede”, no bairro do Maxaquene B. Conta que há duas semanas que as torneiras daquele local não jorram água, pelo que é obrigado a passar o dia inteiro na rua à busca de água.

 

“Trabalho numa Pensão bastante movimentada. Todo o momento, temos clientes, razão pela qual não podemos ficar sem água. Todos os dias durmo cansado porque tenho de andar de um lado para o outro à procu  ra de água. Alguns fontenários cobram 05 meticais, mas em alguns casos chegamos a pagar 10 Mts pelo recipiente de 20 litros, principalmente quando em muitos sítios não sai água”, testemunha.

 

Ana Cláudia Chissano, de 28 anos de idade, residente no bairro da Maxaquene A, considera dramática a situação que vive nestes dias. “Aqui só estamos a sobreviver, porque tivemos de contactar um proprietário de um Posto de Abastecimento de água, que já havia sido encerado, há bastante tempo, para voltar a fornecer água aos residentes. Tivemos de fazer uma pequena contribuição para substituir alguns tubos velhos, razão pela qual somos obrigados a ferver a água antes de consumir”, revela Chissano.

 

Cenário igual é descrito por Alfredo Macarringue, residente no bairro da Polana Caniço, que diz que tem de atrasar à escola nos dias em que deve buscar água. “A minha mãe teve de fazer uma escala de água em casa, desde que o FIPAG parou de fornecer a água. Eu entro as 12:00 horas, na Escola Secundária Josina Machel, mas quando chega meu dia atraso na escola por causa das longas filas e porque a água não tem pressão”, afirma a fonte.

 

Refira-se que para os bairros onde a água jorra, a mesma começou esta quinta-feira e sai com um nível alto de turvação, sendo que alguns moradores consideram imprópria para o consumo e até mesmo para lavar. Em algumas residências da cidade de Maputo, jorra a “conta-gotas”.

 

Contactado pela “Carta”, o responsável pela área da comunicação da empresa Águas da Região de Maputo (AdeM), Ricardo Mussivane, explicou que a empresa estava a preparar um comunicado de imprensa, mas até ao fecho da edição ainda não tínhamos recebido o referido documento. (Marta Afonso)

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