O Credit Suisse Group AG ignorou as advertências de um seu Presidente Executivo Regional, que estava de saída do banco, sobre os riscos de emprestar 2 bilhões de USD a Moçambique, num negocio que se tornou escandaloso e levou o banco suíço a um processo judicial, abrindo questões sobre a sua integridade.
Uma declaração legal do Credit Suisse (CS) publicada na semana passada revelou que Fawzi Kyriakos-Saad, na época o chefe dos negócios do banco na EMEA, alertou a um grupo de negociadores internos para não prosseguirem com o financiamento de bilhões de USD a Moçambique. É a primeira vez que o CS confirma que seus gerentes tinham dúvidas sobre a transação.
O dinheiro foi mobilizado para Moçambique investir numa força de patrulha costeira e desenvolver uma frota de pesca de atum. Mas a captação de mais recursos acabaria chamando a atenção de promotores norte-americanos, que alegaram que os contratos eram uma fachada para funcionários do Governo de Moçambique e os próprios banqueiros do Credit Suisse se enriquecerem em até cerca de 200 milhões de USD.
Por outro lado, acções movidas pelos EUA e Moçambique expuseram o lado sombrio de alguns dos financiamentos. Numa acção em Londres, Moçambique questionou a tomada de decisão do Credit Suisse, dizendo que o banco ignorou “alertas vermelhos” e fechou os olhos à corrupção de seus próprios banqueiros.
A declaração legal do CS fornece uma janela para os trabalhos internos do banco, no final de 2012, na preparação das transações. Qualquer transação que envolva uma combinação do bilionário franco-libanês Iskandar Safa e Moçambique não deve avançar, avisara Kyriakos-Saad, segundo os documentos.
O aviso foi relatado num e-mail de Andrew Pearse, que liderou o grupo de financiamento global do banco e mais tarde se declarou culpado de embolsar pelo menos 45 milhões de USD em subornos. Ainda não está exactamente claro a que é que Kyriakos-Saad se opôs.
Mas um dia depois do seu alerta, o banco divulgou que Kyriaks-Saad deveria deixar a instituição no quadro de um processo de reestruturação. O Credit Suisse não comentou as circunstâncias da saída de Kyriakos-Saad e o ex-executivo se recusou a comentar com base no seu acordo com o banco de Zurique. (adaptado de Bloomberg)