A Comissão Permanente da Assembleia da República rejeitou o pedido do grupo parlamentar do principal partido da oposição, a Renamo, para a marcação uma sessão extraordinária da Assembleia na qual o governo seria questionado sobre o escândalo das “dívidas ocultas”.
No final de Novembro, o porta-voz da Renamo, Jose Manteigas, disse que uma sessão de emergência da AR deveria discutir as alegações feitas num tribunal de Nova Iorque por Jean Boustani, executivo sénior de vendas do grupo privado de Abu Dhabi, Privinvest.
Diante de acusações de conspiração para cometer lavagem de dinheiro, fraude eletrónica e fraude de valores mobiliários, em conexão com as "dívidas ocultas" de Moçambique, Boustani foi solicitado a explicar os pagamentos feitos pela Privinvest a várias autoridades e instituições de Moçambique.
De acordo com a transcrição do processo judicial de 20 de Novembro, em 2014 a Privinvest pagou 4 milhões de USD ao partido Frelimo e outros 2 milhões a uma figura de nome “NUY”. Boustani confirmou que NUY era um apelido usado pela Privinvest para Filipe Nyusi, o então candidato presidencial da Frelimo que venceu a eleição de 2014 e agora é Presidente da República. Boustani disse que os 4 milhões “foram um pagamento ao Partido Frelimo da Privinvest para a campanha eleitoral de Filipe Nyusi. O pagamento separado de 2 milhões para "NUY", acrescentou, também foi pela campanha de Nyusi.
Devido à seriedade dessas reivindicações, disse Manteigas, “consideramos urgente que o Governo venha à Assembleia, uma vez que está em jogo o bom nome do país, assim como a credibilidade do Presidente da República, cujo nome é mencionado nestas declarações”.
Ontem, o primeiro vice-presidente da Assembleia, António Amélia, disse que, no caso das "dívidas ocultas", o paradigma não poderia interferir num trabalho já nas mãos "doutros órgãos soberanos do país”. De acordo com Amélia, a Assembleia já havia discutido as “dívidas ocultas” e decidido que o assunto deveria ser tratado pelos tribunais. Ele se referia à Comissão Parlamentar de inquérito de 2016, sobre as três empresas fraudulentas relacionadas com o calote escândalo - Ematum (Empresa de Atum de Moçambique), Proindicus e MAM (Mozambique Asset Management). (AIM)