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terça-feira, 03 dezembro 2019 05:15

Gigante de açúcar sul-africano acusado de práticas ilícitas

Os problemas enfrentados pela indústria açucareira de Moçambique parecem surgir, em parte, de supostas práticas ilícitas dentro da empresa sul-africana Tongaat Hulett. A Tongaat Hulett é o accionista dominante em duas das quatro fábricas em funcionamento em Moçambique - possui 88% da empresa de açúcar Xinavane, na província de Maputo, e 85% da empresa Mafambisse na província central de Sofala.

 

Uma investigação da empresa de auditoria Pricewaterhouse Coopers (PwC) sobre a Tongaat Hulett, relatada pela agência Bloomberg, descobriu que um grupo de pelo menos 10 executivos seniores da empresa usavam métodos contábeis que levavam a exagerar os lucros e certos ativos.

 

O relatório da PwC, escreveu a Bloomberg, “constatou que a empresa empolou a receita com a venda de terrenos entre os anos fiscais de 2013 e 2019 e superestimou o valor dos ativos de cana e das vendas de açúcar no Zimbábue”. 

 

A PwC também apontou falhas de governança e uma "cultura de deferência" que contribuiu para as distorções financeiras. "Logo ficou claro que, além das dificuldades operacionais enfrentadas pela Tongaat Hulett, havia insuficiência de responsabilidade interna, governança e supervisão financeira", segundo um resumo de seis páginas do relatório. Entre os mencionados no relatório está o ex-diretor executivo da Tongaat Hulett, Peter Staude, que liderou a empresa durante 16 anos.

 

O conselho da Tongaat Hulett agora está a considerar tomar medidas legais contra as figuras indicadas no relatório da PwC, a fim de recuperar bônus e outros benefícios pagos e declará-los "conselheiros inadimplentes". O conselho está a trabalhar com o Ministério Público, da África do Sul, e entrará em contato com os órgãos equivalentes em Moçambique e no Zimbábwe, onde acredita-se que algumas das más práticas tenham ocorrido. 

 

Um novo CEO, Gavin Hudson, foi nomeado em fevereiro. Foi ele que suscitou a investigação da PwC. Naquele momento, já estava claro que as demonstrações financeiras do exercício até o final de março de 2018 não eram confiáveis. (AIM)

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