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terça-feira, 29 outubro 2019 06:16

Os “galácticos” que não regressam à Assembleia da República

As eleições de 15 de Outubro último, certamente que serão de má memória para os partidos da oposição do xadrez político nacional, nomeadamente a Renamo e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM). O intróito vem a propósito dos resultados obtidos por estas formações políticas nas Eleições Legislativas. Desastrosa é a expressão que melhor descreve a prestação destes dois partidos, pelo menos tomando como base os resultados apresentados pelos órgãos eleitorais, visto que, em conjunto, perderam 40 deputados a favor do partido Frelimo, que, na próxima legislatura, terá uma maioria qualificada. Ou seja, vai passar dos actuais 144 deputados para 184, tendo, para já, plenos poderes para mexer na Constituição da República e aprová-la sem sequer precisar de fazer um gentleman agreement com a oposição.

 

 

Derrota à parte. O ponto central do presente artigo é mesmo trazer ao estimado leitor as figuras que terão de abandonar os confortáveis assentos da mal-afamada “escolinha do barulho”, em virtude de não terem conseguido renovar os seus respectivos mandatos. Aqui serão tidos em conta os três partidos políticos, actualmente, com assento na Assembleia da República. E por que a lista é extensa, na edição de hoje, “Carta” traz a primeira leva dos “galácticos” que ficaram por terra, mas que ainda podem ser salvos, caso se operem algumas mudanças, tais são casos de suspensão ou mesmo renúncia de mandato, sobretudo pelos “deputados” ministeriáveis.

 

Cidade de Maputo

 

O círculo eleitoral da Cidade de Maputo (13 mandatos) revela, para já, resultados simplesmente aterradores. Na lista do partido Frelimo, por exemplo, os deputados Esmeralda Mutemba, Pedro Cossa e Hermenegildo Mateus Infante, este último, actualmente, membro da Comissão Permanente da AR, estão fora da próxima legislatura. A Frelimo conseguiu eleger um total de oito deputados.

 

Na lista da Renamo, que conseguiu conquistar quatro assentos, não conseguiram renovar os seus mandatos António Timba (o mágico Timba) e Ivan Mazanga, filho de Fernando Mazanga, vogal da Comissão Nacional de Eleições. Nas Eleições de 2014, António Timba e Ivan Mazanga haviam ocupado a segunda e terceira posições, respectivamente, mas no último escrutínio estavam na sexta e oitava posições. O MDM apenas conseguiu eleger um e único deputado, no caso Lutero Simango, actual chefe da bancada do “galo” na AR. Apesar de não ser deputada, Sónia Mboa, membro da Assembleia Municipal da Cidade de Maputo, pelo MDM, e também comentadora de TV, falhou a entrada à AR.

 

Província de Maputo

 

Na província de Maputo não há, para já, grandes alterações. Em disputa estavam um total de 20 mandatos. As figuras de “proa” darão continuidade dos seus mandatos de deputados da Assembleia da República. A Frelimo ficou com 14 mandatos, a Renamo com cinco e o MDM com apenas um.

 

Gaza

 

O círculo eleitoral de Gaza, igualmente, não traz qualquer surpresa isto porque, tal como na eleição anterior, o partido Frelimo voltou a conquistar a totalidade dos mandatos disponibilizados pelos órgãos eleitorais. Gaza saiu dos anteriores 14 para 22 mandatos.

 

Inhambane

 

A chamada “terra da boa gente” não apresenta qualquer alteração no respeitante aos “galácticos” que não conseguiram garantir a continuidade na chamada “casa do povo”. A Frelimo conquistou 11 dos 13 mandatos. A Renamo ficou com os restantes dois, sendo o destaque a renovação de Gania Mussagy, membro da Comissão Permanente da AR e da Comissão Política Nacional.

 

Sofala

 

A província de Sofala apresenta, de resto, uma configuração sui generis, muito pelas figuras que não vão fazer parte da próxima AR. Em disputa estavam um total de 20 mandatos, sendo que o destaque, mas pela ausência, vai para algumas figuras dos partidos da Oposição. A Frelimo conseguiu ficar, do total, com 14 mandatos, a Renamo com quatro e o MDM com apenas dois.

 

Na lista da Renamo destacam-se, como os que não conseguiram a tão almejada continuidade, Geraldo de Carvalho, que na legislatura prestes a findar é deputado pelo MDM, Younusse Amade, segundo vice-Presidente da AR, José Carlos Cruz, actual relator da bancada na AR e Rosária Mbiriakuira, esposa do líder histórico do partido, Afonso Dhlakama.

 

No MDM, as baixas também são de vulto. Os deputados Laurinda Sílvia Cheia, Sandura Ambrósio, actualmente deputado eleito pela Renamo, Sande Carmona, porta-voz do partido, e Armando Artur estão, para já, fora da AR.

 

Manica

 

O partido Frelimo voltou a levar a melhor na disputa pelos mandatos com os dois maiores partidos da oposição. Conseguiu, desta feita, eleger 13 deputados, dos 17 possíveis. Os restantes ficaram na posse da Renamo. Tal como na legislatura passada, o MDM voltou a não eleger qualquer deputado. Para já, não há neste círculo eleitoral “alterações de fundo” no que respeita a não continuidade de afamados deputados.

 

Tete

 

Em Tete há que destacar a não renovação de dois deputados da Renamo que muito deram nas vistas na presente legislatura. Ricardo Tomás, eleito pelo MDM, mas que ao longo do mandato concorreu para ser edil de Tete e mais tarde a Governador da província com o mesmo nome, ambos pela Renamo, e Juliano Picardo. A Renamo conquistou um total de quatro assentos e a Frelimo 17, perfazendo 21, o número total de mandatos daquele círculo eleitoral. O MDM, como é óbvio, não conseguiu conquistar qualquer assento.

 

Zambézia

 

José Lobo, vice-chefe da bancada do MDM na AR, e Ezequiel Aramane, este último também deputado do “galo” são as figuras que na próxima legislatura acompanharão as sessões plenárias a partir de casa. Ou seja, não conseguiram garantir a continuidade. A Frelimo conquistou, neste círculo eleitoral, 28 assentos, a Renamo 12 e o MDM apenas um.

 

Nampula

 

O actual porta-voz da bancada parlamentar da Renamo, Muhamad Yassine, José Henriques Lopes, actual membro da Comissão Permanente, igualmente, pela “Perdiz” assumem a posição de destaque no que a não renovação diz respeito. Lassimo Ossifo, deputado do MDM, não conseguiu, também, assegurar a sua permanência na casa do povo. Ainda na lista do “galo” importa salientar a tentativa fracassada de Manuel Tocova, o endiabrado edil interino da cidade de Nampula, de chegar à AR.

 

Na província de Nampula, estavam em disputa um total de 45 mandatos, sendo que 28 ficaram com o partido Frelimo, 16 para Renamo e apenas um para o MDM.

 

Cabo Delgado

 

Américo Ubisse é a figura de destaque que não regressa, para já, à casa do povo. Depois de na presente legislatura ter entrado na terceira posição, na presente corrida foi votado à nona posição e seu partido conseguiu apenas eleger cinco deputados mais dois que na actual legislatura. O MDM não conseguiu eleger qualquer deputado, ficando os restantes 18 assentos para o partido Frelimo.

 

Niassa

 

Apesar de não serem “mandatários do povo” mediáticos, Raimundo Lauma, do MDM, e Hilário Uaite não conseguiram assegurar a continuidade no mais alto órgão legislativo do país. Do total dos 13 assentos, a Frelimo arrebatou nove e a Renamo ficou com os restantes quatro. (I.B)

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