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BCI
quarta-feira, 09 outubro 2019 06:41

Explorador ilegal de madeira e proprietário da bomba de combustível onde terá sido raptado Américo Sebastião condenado a 12 anos de prisão

A sexta Secção Criminal do Tribunal Judicial da província de Sofala, na cidade da Beira, condenou, semana finda, o Tenente-Coronel Artur Vasco Jambo, a 12 anos de prisão efectiva, pela prática de crime de exploração ilegal de madeira, tentativa de suborno e uso de armas proibidas. O julgamento de Artur Vasco Jambo começou no passado dia 15 de Agosto do presente ano, no processo querela 60/6ª/2019 movido contra si e mais cinco indivíduos.

 

Conforme “Carta” apurou de fontes interessadas no processo, na altura, tudo começou a 21 de Novembro de 2018, no povoado de Lunga, na Localidade de Casa Banana, no Posto Administrativo de Vunduzi, distrito da Gorongosa, na província de Sofala, quando os fiscais do Parque Nacional da Gorongosa (PNG) flagraram quatro indivíduos num “estaleiro ilegal” dentro da concessão florestal da empresa Edson, Dylaka e Neurice (EDN, Ltd) na posse de 20 toros da espécie proibida mondzo (cujo nome científico é “combretum imberbe”) e de uma motosserra.

 

 

Na sequência, os quatro indivíduos foram exigidos a licença de autorização de exploração de recursos florestais, documento que não foi apresentado. Preocupados com o facto, estes tentaram subornar os fiscais com 500 Mts, quantia que viria a ser recusada. Em seguida, os fiscais detiveram os furtivos e levaram-nos ao Posto de Fiscalização. Já no local, os visados pediram falar com o seu responsável ou mandante de nome Artur Vasco Jambo.

 

Na ligação feita pelos indivíduos, os fiscais pediram que Jambo fosse ao Posto de Fiscalização com as respectivas licenças e documentação legal para o corte e o Tenente-Coronel disse que iria ao encontro dos fiscais para lhes dar dinheiro e desligou o telefone. Chegado ao Posto de Fiscalização, para além de estar embriagado, o mesmo tentou subornar os fiscais com um valor estimado em 12 mil Mts, o que não aconteceu. Na ocasião, contam as fontes, tentou ameaçar os fiscais com uma pistola do tipo Makarov e sem registo e, não tendo tido sucesso, colocou-se em fuga, mas acabou embatendo numa árvore, o que facilitou a sua recolha às celas.

 

Entretanto, conforme apurámos, o Tenente-Coronel Artur Vasco Jambo, pertencente ao Batalhão Trovoada das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), pagou, a 11 de Dezembro de 2018, 395 mil Mts e foi restituído à liberdade, após o Juiz ter recusado o primeiro pedido. Na semana finda, o visado foi condenado a 12 anos de prisão efectiva.

 

 

Outro facto relacionado com Artur Vasco Jambo, conforme “Carta” apurou de fontes reputadas e próximas ao processo, é que o acusado é proprietário das bombas de abastecimento de combustível, sediadas na região de Nhamapdza, no distrito de Marínguè, na província de Sofala, onde a 29 de Julho de 2016 terá sido raptado o empresário português Américo Sebastião.

 

À data dos factos, mais de 160 mil Mts foram sacados das contas do empresário, agora em parte incerta. A situação, que azedou as relações entre Moçambique e Portugal, está, actualmente, a ser tratada ao mais alto nível, porém, ainda são escassas as explicações, estando a esposa do desaparecido, Salomé Sebastião, a recorrer a todas as vias, incluindo os meios de comunicação social.

 

No entanto, fontes que preferiram falar em anonimato à nossa reportagem, dizem que se houvesse interesse em desvendar o caso, as autoridades poderiam começar a investigação a partir do proprietário das bombas de combustível, onde terá sido raptado o empresário português, uma vez que a “conduta criminosa do visado” é conhecida pelas autoridades judiciais moçambicanas. (Omardine Omar)

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