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sexta-feira, 13 setembro 2019 05:20

Ataques em Cabo Delgado: ONU alerta que grupos armados intensificam violência no norte

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) considerou esta quinta-feira em Maputo que a violência armada na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a "intensificar-se" e pode ameaçar a segurança regional.

 

"Os chamados grupos terroristas têm aumentado a intensidade dos ataques na província de Cabo Delgado", lê-se num comunicado distribuído ontem.

 

Aquela agência do UNODC emitiu a nota, na sequência de "consultas de alto nível" que promoveu com quadros do Estado moçambicano, para a elaboração e aprovação do "Plano de acção estratégico abrangente em resposta ao crime organizado, transnacional, drogas e terrorismo".

 

Na reunião com as autoridades moçambicanas, o director de Prevenção de Terrorismo no UNODC, Massood Karimipor, afirmou: "criminosos e terroristas exploram igualmente a debilidade das fronteiras e da fiscalização em geral, particularmente na província de Cabo Delgado, no norte, para arrecadar fundos, planear e mobilizar actividades criminosas e violentas".

 

O UNODC, continuou, está pronto para prestar assistência adicional ao Governo de Moçambique para prevenir e combater o crime e o terrorismo, de acordo com as convenções e normas internacionais", refere o comunicado.

 

O representante do UNODC em Moçambique, César Guedes, manifestou preocupação com o aumento da utilização do território moçambicano para o tráfico de drogas, principalmente heroína proveniente de Afeganistão.

 

"Nos últimos anos, as províncias da região costeira tornaram-se pontos de entrada e saída de mercadorias ilícitas, tais como drogas que chegam do Afeganistão", disse Guedes, citado no comunicado.

 

Os crimes contra a vida selvagem e a floresta também foram discutidos, uma vez que Moçambique tem sido palco do crime organizado transnacional, que tenta explorar a rica biodiversidade.

 

"O tráfico de fauna e flora selvagens, juntamente com os crimes na cadeia de valor da pesca, roubam recursos naturais e impedem que uma renda valiosa seja destinada para apoiar o desenvolvimgfr2ento social e económico de comunidades que dependem de recursos naturais", lê-se na nota.

 

"Todos reconhecemos que, nas últimas décadas, Moçambique perdeu 80 por cento da sua população de elefantes e que, em 2014-2014, os últimos rinocerontes selvagens foram caçados por criminosos", afirmou Jorge Rios, que lidera a área de combate aos crimes contra a vida selvagem e floresta no UNODC.

 

De acordo com números recolhidos pela Lusa, a onda de violência em Cabo Delgado, desde 2017, já terá provocado a morte de cerca de 200 pessoas, entre residentes, supostos agressores e elementos das Forças de Defesa e Segurança.

 

Os ataques ocorrem na região onde se situam as obras para exploração do gás natural nos próximos anos.

 

O grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico anunciou pela primeira vez, em Junho, estar associado a um dos ataques, mas a Polícia da República de Moçambique (PRM) informou na altura que esta informaZão não era verdadeira. (Lusa)

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