Gabinete do Presidente da República, 12 dias depois da sua investidura como quinto Chefe de Estado moçambicano.
Chama-se Caifadine Paulo Manasse, ex-deputado pelo círculo eleitoral da Zambézia, sua terra natal, nomeado Ministro da Juventude e Desportos, um dos ministérios “resgatados” por Daniel Chapo, depois da sua extinção por Filipe Nyusi, durante o seu segundo mandato (2020-2025).
Com um currículo político-partidário que inclui uma passagem pelo Secretariado do Comité Central da Frelimo, onde desempenhou as funções de Secretário para Mobilização, Organização e Propaganda do partido poder e de porta-voz, Caifadine Manasse não é uma figura estranha à sociedade e muito menos aos membros daquela formação política.
Porém, seu nome tornou-se viral nos meandros políticos, quando em 2023 decidiu abrir um processo judicial por calúnia e difamação contra 26 “camaradas” da província da Zambézia, dos quais 24 desempenhavam as funções de deputado, entre eles, o ex-Vice-Presidente da Assembleia da República, Hélder Injonjo, e o deputado Damião José, membro da Comissão Política do partido Frelimo.
Manasse acusa os 26 membros da Frelimo de terem ofendido a sua honra e o seu bom nome, depois destes alegadamente terem imputado a si, de forma pública e consciente, as alegações do envolvimento do deputado Hélder Injojo no tráfico de drogas, na província da Zambézia.
A acusação, submetida à Procuradoria-Geral da República no dia 31 de Maio de 2023, baseia-se no Informe dos deputados da Frelimo, eleitos pelo Círculo Eleitoral da Zambézia, apresentado no decurso da IIª Sessão Ordinária do Comité Provincial da Zambézia.
O documento em causa dizia: “no decurso da VI Sessão Ordinária da Assembleia da República, o Círculo Eleitoral constatou com tristeza a tentativa de assassinato de carácter, imagem e bom nome do Camarada Hélder Injojo, Vice-Presidente da Assembleia da República, ao ser associado ao narcotráfico. Sobre esta matéria, o Círculo Eleitoral tem evidências de que o Camarada Caifadine Manasse foi o autor do conluio, facto que fez com que o Círculo Eleitoral submetesse o seu desapontamento à Direcção do Partido na Província”.
O caso continua a correr tinta na Procuradoria-Geral da República e mereceu o afastamento do novo Ministro da Juventude e Desportos do Comité Provincial da Frelimo, na Zambézia, e da lista de candidatos ao Parlamento pelo mesmo círculo eleitoral.
De “abatido” e “isolado”, Caifadine Paulo Manasse renasce das “cinzas” e vai liderar um dos pelouros descritos como preponderantes para sobrevivência do Governo de Daniel Chapo, após três meses de intensas manifestações populares, lideradas por jovens em protesto aos resultados eleitorais e à precariedade das condições de vida.
Para além do “incendiário” Caifadine Manasse, Chapo confiou a pasta da Educação e Cultura à professora Samaria Dos Anjos Tovela, ex-Reitora do ISTEG (actual Universidade Wutive). Nomeou também Nyelete Mondlane para o cargo de Ministro dos Combatentes; Ivete Dos Anjos Ferrão Alane para o cargo de Ministro do Trabalho, Género e Acção Social; Ricardo Sengo para ocupar o cargo de Ministro na Presidência para os Assuntos da Casa Civil; e Fernando Rafael substituir Carlos Mesquita no Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos.
Os seis novos ministros juntam-se à Primeira-Ministra (Benvinda Levi) e outros 12 ministros, nomeados no dia 17 de Janeiro e empossados no dia seguinte. Trata-se de Cristóvão Chume (Ministro da Defesa Nacional); Paulo Chachine (Ministro do Interior); Maria Lucas (Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação); Carla Louveira (Ministra das Finanças); e Basílio Muhate (Ministro da Economia).
Ainda integram a lista de nomeados e empossados, Salimo Valá (Ministro de Planificação e Desenvolvimento); Ussene Isse (Ministro da Saúde); Estevão Pale (Ministro dos Recursos Minerais e Energia); Inocêncio Impissa (Ministro da Administração Estatal e Função Pública); Roberto Albino (Ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas); João Matlombe (Ministro dos Transportes e Logística); e Américo Muchanga (Ministro das Comunicações e Transformação Digital). Continua em aberto a vaga de Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos. (A. Maolela)