Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

BCI
domingo, 12 janeiro 2025 07:38

Manipulação anónima do terror para descarrilar a tomada de posse

Manifestantes111224

 

Mensagens anónimas circulam nas redes sociais avisando para o bloqueio das principais vias de acesso a Maputo e paralisação do transporte e do comércio, com o intento deliberado de torpedear a cerimónia de tomada de posse dos 250 deputados da Assembleia da República, no dia 13, e do Presidente da República eleito, Daniel Chapo, dois dias depois, 15.

O anonimato destes apelos contraria a matriz das anteriores paralisações, pontuadas por violência policial e vandalismo e saque protagonizados por populares, que partiram de uma mobilização convocada através de “lives” do segundo candidato presidencial mais votado nas eleições gerais de 11 de Outubro, Venâncio Mondlane.

Nenhum dos “posts” tem uma ligação expressa a Venâncio Mondlane ou à sua equipa, como autor, mas apresentam o político como o único que deve ser investido na função de Presidente da República eleito.

“Nós elegemos o presidente Venâncio Mondlane, nós é que temos de colocá-lo onde ele deve estar. O povo é soberano, nenhum regime é mais forte do que o povo”, diz, “ipsis verbis”, uma das mensagens.

 

Evocando práticas já vistas nas anteriores manifestações, uma das mensagens ameaça com recurso à violência aqueles que desobedecerem à paralisação e à “greve geral”. É manifestamente clara a manipulação do medo para o alcance dos objectivos pretendidos pelos autores destas manifestações.

 

Parece sinistro e desconcertante que sectores que pretendem acabar com a repressão protagonizada pelos sucessivos governos da Frelimo ameacem recorrer à violência para coagir aqueles cidadãos que pretendam exercer o direito de não aderir a paralisações ou manifestações. 

 

A legitimidade de uns, ainda que seja endossada por uma expressiva faixa da população, não deve ser protegida através da intimidação do exercício legítimo de outros direitos, ainda que esta seja uma opção minoritária. 

 

Parte do conteúdo de que os protestos se devem revestir, de acordo com os apelos anónimos já referidos, é uma réplica do que Venâncio Mondlane pediu aos seus apoiantes. Ou seja, à primeira vista, a estratégia defendida pelo segundo candidato presidencial mais votado já fez “jurisprudência” e inaugurou uma nova forma de cidadania de protesto que veio para ficar.

 

A opção pelo anonimato desta nova mobilização acontece quando Venâncio Mondlane já está em Maputo, para onde regressou, na quinta-feira, dois meses e meio após abandonar o país, evocando razões de segurança, após o assassinato do seu advogado, Elvino Dias, e do mandatário do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), Paulo Guambe, em 19 de Outubro. (Carta)

Sir Motors

Ler 2131 vezes