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sexta-feira, 10 janeiro 2025 07:21

Eleições 2024: Lojas encerradas e transporte “recolhido” em dia de chegada de VM7

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O dia 09 de Janeiro de 2025, uma quinta-feira cinzenta, marcada por chuvas fracas na região sul do país (após o “dilúvio” da quarta-feira), fica marcado na memória dos moçambicanos como o dia do “regresso do ‘Presidente do povo’”, tal como é carinhosamente tratado o candidato presidencial Venâncio Mondlane pelos seus seguidores.

 

Milhares de cidadãos, provenientes de diversos bairros da capital do país, ocuparam, logo cedo, a principal via que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Maputo, com o objectivo de acompanhar a chegada de Venâncio Mondlane da parte incerta após ter fugido do país a 24 de Outubro por temer os esquadrões da morte.

 

O cenário, que já vinha sendo desenhado desde segunda-feira, foi previsto pela Polícia da República de Moçambique, que destacou dezenas de agentes e viaturas ao local, para além de ter restringido o acesso ao Aeroporto Internacional de Maputo, facto que condicionou as operações aeroportuárias.

 

Com as imagens de pilhagem de bens e vandalização de infra-estruturas públicas e privadas ainda frescas na memória de muitos moçambicanos, vários comerciantes não abriram as suas lojas em quase toda a Área Metropolitana do Grande Maputo, tal como proprietários dos transportes semi-colectivos de passageiros parquearam as suas viaturas.

 

Aliás, o clima de insegurança afectou também os serviços de táxi por aplicativo, que sofreram algumas restrições, um facto também associado à intransitabilidade de algumas vias devido às chuvas que deixaram inundadas e degradadas algumas vias de acesso, na quarta-feira.

 

André Malate, residente no bairro Magoanine “C”, na capital do país, contou ao nosso jornal que voltou na paragem após quase duas horas debaixo da chuva à espera do transporte, que devia levá-lo, primeiro, até à rotunda de São Roque, de onde tomaria o segundo carro que o deixaria na antiga brigada montada, antes de tomar o terceiro e último transporte até ao Posto Administrativo da Matola-Rio (Boane), seu local de trabalho.

 

“Preferi voltar para casa para não sofrer. Durante as manifestações, tive de sair da Matola-Rio até em casa a pé por falta de “chapas”, por isso não quis passar de novo por essa experiência”, sublinha.

 

Quem também não quis viver uma experiência idêntica, até porque alegadamente o seu negócio não é viável em dias de chuva e tumultuosos, é Adelaide Mabunda, que optou em ficar em casa que se deslocar à baixa da cidade de Maputo, onde vende roupa usada. “Senti na pele a dor de caminhar da Baixa até Matendene [Magoanine C] por falta de transporte. Não gostava de voltar a passar aquilo, pior com esta chuva”, relata.

 

Aliás, após o boicote do comício de Venâncio Mondlane pela Polícia, no famoso Mercado Estrela Vermelha (o principal mercado informal da capital moçambicana), e o baleamento de apoiantes do político, alguns manifestantes bloquearam a Estrada Nacional Nº 1, no bairro de Inhagoia, assim como de algumas Avenidas, como Acordos de Lusaka, Joaquim Chissano, de Angola e Milagre Mabote.

 

Refira-se que pelo menos três pessoas morreram e outras seis foram baleadas ontem pela Polícia, de acordo com os dados da Plataforma DECIDE. A Polícia voltou a ser acusada de ser protagonista dos tumultos em Maputo, tal como na maioria dos casos registados durante as manifestações populares.

 

Ontem, dezenas de polícias à paisana foram vistos, mais uma vez, com armas de guerra nas ruas de Maputo a disparar de forma indiscriminada contra os civis e, em algumas situações, os disparos foram feitos contra residências e escritórios. (Carta)

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