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terça-feira, 17 dezembro 2024 03:36

Eleições 2024: Frelimo “lamenta e solidariza-se” com às vítimas das manifestações, mas…não pede responsabilização

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O partido Frelimo, que governa Moçambique desde 1975, manifestou, esta segunda-feira, a sua “profunda preocupação” face às manifestações populares, que têm ocorrido em todo país e que já vitimaram mais de 130 pessoas, na sua maioria assassinadas pela Polícia.

 

Em comunicado lido por Eneas Comiche, no final da reunião Comissão Política, realizada ontem em Maputo, o partido no poder disse que “lamenta e solidariza-se” com todas as vítimasdas manifestações, porém sem pedir responsabilização dos autores dos crimes, sejam eles civis ou membros das Forças de Defesa e Segurança.

 

“Vimos moçambicanos a perderem a vida, moçambicanos fisicamente feridos, privados de acesso ao hospital e de se deslocarem ao local de trabalho. Vimos adolescentes e jovens com dificuldades de terminar o seu ano lectivo, em estabelecimentos públicos e privados. Vimos confissões religiosas com privações na realização das suas missas, vimos famílias impedidas de realizaram as suas cerimónias de casamento e de funerais”, o antigo Presidente do Conselho Municipal de Maputo que, aos 85 anos de idade, concorre à mais um mandato no Parlamento.

 

“Assistimos à intimidação e à intolerância manifestadas sob forma de práticas coercivas e imposição de colagem de panfletos em viaturas, pondo em causa a liberdade que os moçambicanos conquistaram ao longo de décadas, com muito sacrifício”, acrescentou o político, ignorando, por sua vez, a imposição de se retirar os mesmos panfletos, protagonizada por membros da Frelimo, em Maputo e Gaza.

 

Prosseguindo, a Comissão Política da Frelimo condenou a violência, ameaças e agressões físicas ou morais, dirigidos aos seus membros, simpatizantes e aos cidadãos em geral. “Repudiamos, com firmeza, os actos de vandalismo perpetrados contra as nossas sedes, que incluem incêndios, pilhagens e destruição de bens, actos que configuram intolerância política, contrária aos valores democráticos que todos devemos promover e proteger”, defende a Frelimo, partido que outrora se mantinha no silêncio às acusações de intolerância política, sobretudo na província de Gaza, onde centenas de pessoas foram assassinadas e outras viram suas casas incendiadas por serem da oposição.

 

Segundo a Comissão Política, o principal órgão político do partido no intervalo entre as sessões do Comité Central, a Frelimo “sempre esteve aberta ao diálogo” como um mecanismo essencial para encontrar soluções que concorram para “aproximar opiniões, eliminar e mitigar a desconfiança mútua”, sempre na perspectiva de promover “a paz, a democracia e o Estado de Direito”.

 

Para além de condenar actos de vandalismo e lamentar as mortes, a Comissão Política da Frelimo propôs ao Governo para tomar, com carácter de urgência, “medidas concretas e eficazes para baixar e aliviar o custo de vida no país, incidindo prioritariamente sobre a redução dos preços dos produtos básicos e essenciais, bens e serviços indispensáveis à subsistência das famílias”. (Carta)

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