Numa reviravolta, os manifestantes que bloquearam a Estrada Nacional Nº 1, no Posto Administrativo de Bobole, distrito de Marracuene, província de Maputo, exigem agora a reposição da verdade eleitoral pela presidente do Conselho Constitucional (CC), Lúcia da Luz Ribeiro, como condição para o desbloqueio da via.

Inicialmente, lembre-se, os manifestantes condicionavam a reabertura da EN1, bloqueada há mais de 24 horas, à prova de vida do candidato presidencial Venâncio Mondlane, depois de uma suposta tentativa de assassinado de que foi alvo.

Com recurso a altifalantes e microfones montados em cima de pás escavadoras (usadas para o bloqueio da estrada), e demonstrando alguma organização e coerência no discurso, um dos porta-vozes dos manifestantes de Bobole demonstrou a sua indignação pelo facto de o CC ainda não ter divulgado o seu Acórdão sobre as Eleições de 9 de Outubro.

“Carta”, que se encontra de plantão no local, soube que os militares tentaram negociar com os manifestantes para abrir a via, depois de ter falhado a primeira negociação com a Polícia da República de Moçambique.

Para além de centenas de viaturas imobilizadas, sem passagem para o norte e para o sul, a situação humanitária já está a deteriorar-se em Bobole. Centenas de passageiros, incluindo mulheres e crianças, ressentem-se da falta de mantimentos e de condições básicas de higiene.

Alguns condutores, que trazem mariscos e outros produtos perecíveis de Inhambane e de outras províncias para Maputo, receiam que possam deteriorar-se. A fila de viaturas em Bobole faz recordar as colunas que os moçambicanos testemunharam durante a guerra dos 16 anos entre o governo da Frelimo e a Renamo.

A fila de viaturas começa na fábrica Heineken e vai até o mercado de Bobole no sentido norte-sul, quase 4 quilómetros. Depois da ponteca, em direcção a Maputo, o cenário é idêntico. Uma fila de viaturas até ao Contro Rodoviário de Nhongonhane. (Carta)