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quarta-feira, 08 maio 2019 08:03

Caso CEDSIF: Defesa de Nurbibi Lacman “dispara” para todos os lados

Elísio De Sousa, advogado de Nurbibi Ismael Lacman, uma das principais arguidas do “rombo no Centro de Desenvolvimento de Sistemas de Informação Financeira (CEDSIF)” acusou, durante a audição reservada às alegações finais, o Ministério Público (MP) de estar a sacrificar a sua constituinte como forma de limpar a pálida e corroída imagem do Estado junto dos parceiros internacionais.

 

 

De Sousa sustenta a sua tese no facto de este sistema, no caso o E-SISTAFE, desde a aquisição e operacionalização sempre ter-se mostrado débil para transferência, em segurança, de elevadas somas em dinheiro.

 

Nurbibi Ismael Lacman é acusada do cometimento dos crimes de uso fraudulento de instrumentos electrónicos, associação para delinquir e peculato.

 

“Querem usar a minha cliente para lavar a imagem de uma instituição que usa um sistema obsoleto, frágil e manchado de vícios como ficou comprovado, em 2015, quando houve um rombo de 15 milhões, levando a Directora do Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) a pedir uma avaliação do mesmo ao Ministério da Economia e Finanças, um acto que, até então, não aconteceu”, disparou De Sousa.

 

Para Elísio De Sousa, para além de ser “caricato” e “inadmissível”, ficou provado durante as sessões de produção de prova que a sua cliente não participou no esquema que culminou com o desvio de cerca de 4 milhões de meticais dos cofres do Estado, através do CEDSIF.

 

A acusação do MP, anota De Sousa, está inquinada de vícios, isto porque funda-se apenas nas investigações conduzidas pelos instrutores do CEDSIF, um procedimento que viola as mais elementares regras de investigação constantes nos manuais de direito criminal.

 

Adiante, a defesa de Nurbibi Lacman disse que a sua cliente está a ser vítima de uma perseguição e que está a ser usada como “troféu de caça” de um problema que o Estado moçambicano sabe, mas “finge não saber”.

 

Num outro desenvolvimento, Elísio De Sousa avançou que o MP, em concreto, está a revelar-se “uma instituição forte por fora e frágil por dentro”, precisamente pelo facto de se abster de acusar alguns envolvidos e recusar a liberdade da ré Nurbibi Lacman, mesmo sem provas cabais.

 

Refira-se que o rombo no CEDSIF ocorreu, em Setembro de 2018, quando Felisberto Manganhela, réu confesso, entrou no sistema do CEDSIF (E-SISTAFE) por 12 minutos, emitiu uma ordem de pagamento estimada em 2.450.120,00 Mts a favor da empresa de limpeza, Anderson Service, Ltd, usando a password de Nurbibi Lacman.

 

Já em Dezembro, Manganhela viria a fazer o mesmo exercício, num valor estimado em 2.032.000,00 Mt, a favor da empresa Resgráfica Sociedade Unipessoal, dos irmãos Roberto e Rosário Simbe, outros arguidos.

 

Em julgamento estão oito arguidos cujos causídicos esgrimiram, há dias, os argumentos para a sua absolvição. São arguidos do processo, Felisberto Manganhela, Nurbibi Lacman, Roberto Simbe, Valdemar Nhazilo, Osvaldo Anderson, Rosário Simbe, Mamerto da Paz Gomes e Felício Mazive. Estes são acusados dos crimes de uso de instrumentos electrónicos fraudulentamente, associação para delinquir e peculato.

 

Salientar que a leitura da sentença está marcada para o próximo dia 29 de Maio, na 4ª Secção do Tribunal Judicial do Distrito Municipal Kampfumo, em Maputo. O MP, representado por Arlete Machava, pede a condenação exemplar dos oito arguidos por ter sido provado o envolvimento moral e material na mega fraude, que lesou o estado em cerca de 4 milhões de meticais. (Omardine Omar)

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