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quarta-feira, 06 novembro 2024 07:17

Eleições 2024: Ministro da Defesa fala de “forças republicanas” perante chacina de civis

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O Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, concedeu, na tarde desta terça-feira, uma conferência de imprensa com objectivo único de “reafirmar o compromisso das Forças de Defesa e Segurança (FDS) com a paz, resolução pacífica dos conflitos e não interferência nos processos políticos no nosso país”.

 

Num momento em que todas vozes da sociedade criticam a má actuação das forças policiais nas manifestações populares convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, Cristóvão Chume defende que a actuação das FDS, em concreto da Polícia (através da sua Unidade de Intervenção Rápida), têm estado dentro dos limites legais e garante estarmos perante uma força republicana.

 

“Pretendemos reafirmar o carácter republicano das Forças de Defesa e Segurança”, afirmou o governante, que ostenta a patente de Major-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique. Acrescentou que “reconhecemos o ambiente de instabilidade e insegurança pública” que carateriza a actualidade do país, em resultado da tensão política pós-eleitoral.

 

Segundo o Ministro da Defesa Nacional, desde o dia 21 de Outubro último que Moçambique é assolado por manifestações pacíficas e outras violentas, sendo que as pacíficas encontram sua cobertura na Constituição da República e na Lei das Manifestações, pelo que “têm tido o acompanhamento das FDS, em particular das forças policiais, e sem incidentes dignos de realce”.

 

No entanto, não explicou em que locais tiveram lugar as manifestações pacíficas, pois, todas manifestações convocadas por Venâncio Mondlane em todo país desde aquele data foram rechaçadas pela Polícia, a começar pela manifestação do dia 21 de Outubro, em que a UIR lançou gás lacrimogénio contra os manifestantes antes mesmos de iniciarem a sua marcha.

 

“Por sua vez, as manifestações de carácter violento estão a cimentar o ódio entre irmãos; estão a tirar vidas de moçambicanos, independentemente da sua orientação política ou religiosa; estão a destruir infra-estruturas vitais para a vida dos moçambicanos”, afirmou o governante, assumindo que as manifestações violentas “são um grave sinal do quão estamos divididos, neste momento”.

 

No seu discurso, Chume defende que as FDS, enquanto entidades responsáveis por prevenir a violência, são chamadas a reagir e, para tal, “reagimos na medida dos actos desenvolvidos pelos manifestantes para poder contê-los”. Contudo, não detalhou em que situações as FDS foram obrigadas a usar balas verdadeiras para conter os manifestantes.

 

“Temos também que reconhecer que pode haver excessos em algumas ocorrências policiais ou das FDS sobre as quais nós estamos a trabalhar dentro das nossas unidades no sentido de apurar porquê certo agente terá excedido na força necessária para conter a ameaça durante a manifestação”, garantiu sem, porém, avançar prazos para a conclusão desse investigação. Lembre-se que jornalistas moçambicanos e estrangeiros foram vítimas de gás lacrimogénio e balas de borracha da Polícia nas manifestações em curso.

 

“Não vamos nos esquivar de reconhecer o mal que podemos estar a causar nas famílias que perderam os seus ente-queridos”, disse o ex-Comandante do Exército, garantindo que a violência policial que tem sido assistida nestes dias é da responsabilidade das FDS, sem qualquer ajuda ruandesa. “Este é o nosso assunto e devemos resolver em concórdia entre nós os moçambicanos”.

 

Refira-se que desde o início das manifestações, pelo menos 108 pessoas foram baleadas pela Polícia, das quais 16 perderam a vida, incluindo crianças, de acordo com os dados da Associação Médica de Moçambique. Os médicos dizem que os ferimentos à bala verificados nos corpos das vítimas mostram uma acção premeditada da Polícia de querer matar e não dissuadir os manifestantes. (Carta)

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