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quinta-feira, 12 setembro 2024 07:28

Primeiro comboio de combustíveis chega ao Malawi pela linha de Vila Nova da Fronteira

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Os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM-Centro) realizaram, esta quarta-feira (11), o primeiro comboio de combustíveis para o Malawi, através do Ramal Dona Ana - Vila Nova da Fronteira, distrito de Mutarara, na província central de Tete.

 

Segundo o Director de Comunicação e Imagem dos CFM, Adélio Dias, o comboio partiu do Porto da Beira com 48 tanktainers (24 plataformas) tendo como destino final a estação de Marka, localizada no distrito malawiano de Nsanje, que faz fronteira com a Vila Nova da Fronteira, do lado moçambicano.

 

Para a empresa, a realização deste primeiro comboio de combustíveis para o Malawi, a partir do Porto da Beira, é uma indicação clara de que o Ramal Dona Ana - Vila Nova da Fronteira já está a ser utilizado para fins comerciais. No mês de Julho último, a Linha recebeu o primeiro comboio comercial transportando melaço, numa importação do Malawi, a partir do Porto da Beira.

 

Reconstruída recentemente, com fundos próprios da Empresa, na ordem de 30 milhões de USD, a Linha do Ramal Dona Ana - Vila Nova da Fronteira vinha sendo utilizada apenas para comboios de transporte de materiais de construção que estão a ser aplicados na reconstrução do prolongamento da via do lado malawiano, cuja operação consistia no apoio dos CFM à solicitação daquele país vizinho.

 

Anteriormente, as importações malawianas de combustíveis, a partir do Porto da Beira, eram feitas por estrada, uma alternativa que se configurava ineficaz e bastante onerosa.

 

O investimento realizado pelos CFM para a reconstrução do Ramal Dona Ana - Vila Nova da Fronteira enquadra-se na resposta aos desafios da cadeia logística da Região Austral de África no contexto da região austral, e surge em cumprimento da orientação emanada da reunião entre os Presidentes de Moçambique e do Malawi, havida em Songo, no fim de 2020, cujo lançamento da primeira pedra para os trabalhos do lado de Moçambique foi presidido pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Maio de 2021.

 

Comboio dos CFM recebido com onda de alegria e euforia à chegada no Malawi

 

O presidente Lazarus Chakwera inaugurou ontem a chegada do comboio e descreveu o acto de um “grande marco” para o país, afirmando que ele contribuiria significativamente para o desenvolvimento sócio-económico do Malawi. Pela primeira vez em 42 anos, Malawi recebeu o primeiro comboio de combustível a partir do Porto da Beira, após a conclusão da reabilitação do Ramal Dona Ana - Vila Nova da Fronteira, na província de Tete.

 

Chakwera reafirmou o compromisso do seu governo em melhorar e modernizar os sistemas essenciais para melhorar o padrão geral de vida dos malawianos.

 

O comboio levou para Malawi 1.2 milhões de litros de combustível, que será transportado para Blantyre por via rodoviária, uma vez que as autoridades malawianas ainda não concluíram a reabilitação da linha férrea entre Marka e Bangula.

 

O ministro dos transportes Jacob Hara disse que o prazo para a conclusão do troço Marka-Bangula, de 72 km, orçado em 69 biliões kwachas, cerca 39 milhões e 760 mil de dólares, ainda não foi estabelecido, devido a questões financeiras.

 

A linha ferroviária Beira-Limbe vai reduzir os custos de transporte de carga em 50 por cento e a Companhia Nacional de Petróleo do Malawi (NOCMA) relata que o país vai receber 10 milhões de litros de combustível por mês quando o Corredor de Sena estiver totalmente operacional.

 

O director-executivo da NOCMA, Clemente Kanyama, confirmou que o comboio trouxe da Beira 1,2 milhões de litros de combustível, correspondentes a 35 camiões. O renomado economista Milward Tobias elogiou a chegada do comboio de combustível como um “passo na direcção certa” para a economia do Malawi. Ele destacou a mudança crucial para o transporte ferroviário, que deve resultar em economias substanciais de custos no transporte de combustível, beneficiando, em última análise, a economia do país.

 

Vale ressaltar que, desde 1993, os governos anteriores do Malawi favoreceram o transporte rodoviário para importar combustível de Moçambique e Tanzânia, negligenciando a rede ferroviária. Esse desenvolvimento há muito esperado simboliza uma mudança positiva e significativa no transporte e no cenário económico do Malawi, um país sem acesso directo ao mar.

 

O transporte do combustível por via rodoviária é considerado uma das principais fontes de “acumulação primitiva de capital” para alguns transportadores do Malawi e da Beira, daí que o lobby dos principais operadores, alguns dos quais ligados ao poder, tenha levado os sucessivos governos daquele país a ignorar a opção ferroviária.

 

A imprensa daquele país destaca esta manhã o facto do Malawi ter comemorado um momento histórico ao receber o seu primeiro comboio de combustível em 42 anos a partir da Beira, em Moçambique. (Carta)

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