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segunda-feira, 24 junho 2024 04:55

População de Macomia volta a acusar FDS de violação dos direitos humanos

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A alegada violação dos direitos humanos pelas Forças de Defesa e Segurança (agentes da UIR e das FADM) está de novo no centro das preocupações dos residentes da vila de Macomia, em Cabo Delgado. Os agentes são acusados pela população de perseguir os civis e de colaborar com os terroristas. Os residentes de Macomia-sede vão mais longe, afirmando que as Forças de Defesa e Segurança, além de detenções arbitrárias, alegadamente, também cometem actos de violação sexual.

 

"Na semana finda, o que aconteceu foi demais. As FDS montaram uma cancela na estrada para Mucojo e cobram dinheiro a todas as pessoas que vão à machamba ou à procura de lenha. Mesmo aquelas que vêm aqui ao mercado não escapam", disse um residente que apenas se identificou por Lázaro.

 

Desde quarta-feira passada (19), quando circulou uma informação dando conta de um suposto ataque terrorista, a população da vila de Macomia vive amedrontada, não apenas pelos terroristas, mas também pelos abusos protagonizados pelas forças moçambicanas.

 

"Por isso a população pede a intervenção da Força do Ruanda, porque esses nossos irmãos (militares e polícias moçambicanos) estão a piorar. Na semana passada, violaram uma mulher na via para Mucojo, e isso é de lamentar, estamos mal", disse um residente de Macomia.

 

Alima Mualimo, deslocada de Quiterajo e actualmente residente no bairro de acolhimento das famílias deslocadas em Nanga A, confirmou à "Carta" que as FDS têm estado a apertar "muito mal" a população. Ela anotou que tal situação impede as pessoas de irem ao mercado, ao hospital, à igreja ou à mesquita.

 

"Por exemplo, nós que vivemos lá no bairro de deslocados temos de ir ao mercado para fazer compras. A caminho do mercado, se você for interpelado pelas FDS, elas levam o dinheiro. Então, como ficamos nós que somos deslocados?", questionou apelando às autoridades para repor a ordem subvertida pelos militares.

 

Outro residente disse ainda que, na noite de sexta-feira (21), os militares capturaram e espancaram brutalmente um cidadão interpelado na via pública. As fontes referiram que a mais recente detenção ilegal a um civil ocorreu na última sexta-feira em que um cidadão identificado por Ntupeli, natural da aldeia Nacutuco, posto administrativo de Mucojo, foi capturado pelas FDS, supostamente, devido a sua ligação com os terroristas.

 

Refira-se que, desde 10 de Maio, as FDS têm domínio total da vila, mas o executivo distrital ainda não retomou as actividades e maior parte de funcionários e agentes do Estado refugiados também ainda não retornaram. (Carta)

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