A Renamo, o maior partido da oposição, submete, na tarde desta sexta-feira, a candidatura de Ossufo Momade à Presidência da República. O acto terá lugar por volta das 13h00, no Conselho Constitucional, órgão responsável por verificar os requisitos legais exigidos para as candidaturas a Presidente da República.
Momade, reeleito Presidente da Renamo durante o VII Congresso do partido, realizado entre os dias 15 e 16 de Maio, será o primeiro a submeter sua candidatura entre os três principais partidos do país. A Frelimo e o MDM (Movimento Democrático de Moçambique) deverão submeter suas candidaturas na próxima semana.
De acordo com a deliberação n.º 1/CC/2024, de 6 de Fevereiro, as candidaturas a Presidente da República devem ser apresentadas ao Conselho Constitucional até 120 dias antes do dia marcado para votação, isto é, até às 17h00 do dia 10 de Junho.
O documento, aprovado pelo Conselho Constitucional, refere que os interessados em substituir Filipe Nyusi devem apresentar uma ficha de identificação completa do candidato (a ser adquirida na instituição); cartão de eleitor; certificado de nacionalidade originária; certidão de nascimento; certificado de registo criminal; declaração de aceitação de candidatura e de elegibilidade do candidato; fotografia colorida tipo passe; símbolo eleitoral do candidato; documento a designar o mandatário; ficha do mandatário; e fichas dos proponentes com fotografia do candidato impressa, contendo um mínimo de 10 mil e um máximo de 20 mil assinaturas de apoio, reconhecidas pelo Notário.
De 63 anos de idade, Ossufo Momade é natural da Ilha de Moçambique, província de Nampula, sendo Líder da Renamo desde 2018 (após a morte de Afonso Dhlakama), tendo sido peça-chave para o desarmamento dos homens armados da Renamo, o principal “trunfo” daquela formação política desde a assinatura dos Acordos Gerais de Paz, a 04 de Outubro de 1992.
Momade volta a ser candidato presidencial da Renamo após cinco anos de contestação interna, devido a sua suposta inércia perante os atropelos cometidos pelo Governo da Frelimo. Entre Junho de 2019 e Outubro de 2021, enfrentou a contestação da chamada Junta Militar da Renamo, um grupo de militares dissidentes da “perdiz”, uma crise resolvida com o assassinato do líder, Mariano Nhongo.
O “político-militar”, cuja carreira foi feita nas matas de Sofala e Manica, durante a guerra dos 16 anos, voltou a enfrentar uma nova contestação interna depois das eleições autárquicas de 2023, em que a “perdiz” perdeu três, dos sete municípios que geria desde 2018. Aliás, nessas eleições, a Renamo conquistou a maioria dos votos em mais de 15 municípios, incluindo Maputo e Matola, porém, sem qualquer explicação do Conselho Constitucional e muito menos contestação visível de Ossufo Momade, o órgão liderado por Lúcia Ribeiro declarou a Frelimo como vencedora.
Refira-se que esta é a segunda vez em que o Presidente da Renamo entra na corrida à Ponta Vermelha. A sua primeira candidatura teve lugar em 2019, em que conseguiu 21,88% dos votos válidos, atrás de Filipe Nyusi, que venceu o escrutínio com 73%. Daviz Simango, então líder do MDM, obteve 4,38%, enquanto Mário Albino, líder da AMUSI (Acção de Movimento Unido para Salvação Integral), conquistou 0,73%. (Carta)