O Ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, garante que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) serão responsáveis pela ocupação dos distritos que estavam sob controlo da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral em Moçambique (SAMIM), no combate ao terrorismo na província de Cabo Delgado.
A garantia chega duas semanas depois de as Forças de Defesa do Ruanda (RDF) terem anunciado a intenção de aumentar o seu efectivo em Cabo Delgado, como forma de colmatar a saída das tropas regionais, que deverá ocorrer até ao próximo mês de Julho.
Segundo o Ministro da Defesa Nacional, é da responsabilidade de todos os moçambicanos defender a pátria, sendo que o apoio recebido pelo país não exonera as responsabilidades de cada um. Na sua intervenção, Chume assegurou que a capacitação das FADM continua a ser prioridade do Governo, apesar da exiguidade de recursos.
Chume afirma que a SAMIM está a sair da província de Cabo Delgado, por um lado, devido à falta de dinheiro para custear a operação (por causa da crise que abala os membros da SADC e a falta de apoio sustentável vindo da União Africana e de outros parceiros de cooperação multilateral) e, por outro, pelo facto de ter cumprido a missão para a qual foi criada, “que foi de apoiar as FDS de Moçambique na ofensiva contra os terroristas e recuperar o controlo das zonas que se encontravam sob forte influência dos mesmos nos distritos de Macomia, Muidumbe e Nangade”.
No seu discurso, o Ministro da Defesa Nacional explica que o mandato inicial era de três meses e tinha como objecivo a perseguição dos terroristas e destruição das suas bases militares, tendo sido alargado para 12 meses. Passada esta fase, renovou-se o mandato da força por mais um ano, com o objectivo de restaurar o tecido social, económico e de infra-estruturas de Cabo Delgado.
“O fim das operações da SAMIM significa que a missão cumpriu o seu mandato e as FDS irão, no quadro das suas atribuições, fazer o preenchimento das áreas de responsabilidade operacional da SAMIM para que a saída desta não crie fosso de segurança e estabilidade”, defende, sublinhando que a saída das tropas da região não significa ruptura na cooperação multilateral com aquela organização.
No entanto, a narrativa financeira do Governo é contrariada por fontes das FDS, que apontam as desinteligências entre o Ruanda e a África do Sul como estando na origem da saída da missão regional, por um lado, e os fracos resultados operativos da missão. Lembre-se que a África do Sul tem o maior contingente militar da missão regional.
Refira-se que a saída da SAMIM chega num momento em que a SADC renovou a sua permanência no leste da República Democrática do Congo, onde rebeldes do M23 semeiam terror e luto. Para Cristóvão Chume, tal situação não resulta da existência de dinheiro dos Estados do bloco regional, mas da racionalização dos recursos, assim como da situação crítica que se vive naquele país.
Sublinhar que o Primeiro-Ministro defendeu também que o aumento das tropas ruandesas não tem nada a ver com a saída da SADC, mas sim com as boas relações existentes entre os governos dos dois países. A missão, frise-se, será financiada pela União Europeia.
Lembre-se que a SAMIM iniciou sua missão na província de Cabo Delgado, em Julho de 2021, em resultado da decisão tomada pelos Chefes de Estado da organização, em Junho do mesmo ano, numa cimeira extraordinária realizada em Maputo. (Carta)