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quinta-feira, 08 fevereiro 2024 05:38

Maus tratos a civis agudiza tensão entre população e militares no distrito de Macomia

A população da vila de Macomia, na região centro de Cabo Delgado, alega que os maus tratos perpetrados por alguns membros das Forças de Defesa e Segurança estão a azedar cada vez mais as relações entre as duas partes. Os militares, por seu turno, justificam que os residentes, sobretudo os que vivem em Mucojo, bem como aqueles que frequentemente vão à região, estão a colaborar com grupos terroristas que circulam na zona. 

 

Por exemplo, esta terça-feira (6), a população acusou alguns membros das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) posicionados próximo da aldeia Napala, no troço Macomia-Mucojo, de ter maltratado mais de dez cidadãos que viajavam a Mucojo, alegando estarem a colaborar com os terroristas. Dentre as vítimas dos maus tratos, caracterizados por espancamentos, agressões, violência verbal, cobranças ilícitas e outras sevícias, estavam comerciantes informais de pescado.

 

Uma fonte descreveu à "Carta" que uma das vítimas é seu cunhado que contraiu ferimentos em quase todo o corpo, em resultado da agressão perpetrada pelos membros das FADM.

 

“O meu cunhado foi uma das vítimas. Ele ia a Mucojo, de motorizada, transportando pedras de gelo, mas depois da aldeia Nanjaba, ele foi interpelado pelas FADM. Depois de questionado sobre o destino, recebeu ordem para encostar a motorizada e vasculharam a bagagem”.

 

A mesma medida foi aplicada de forma aleatória aos utentes da via, uma vez que outros iam passando de motorizadas e em viaturas sem qualquer impedimento.

 

"Depois passou um ciclista que também foi interpelado e assim sucessivamente o número foi subindo para mais de dez civis que ficaram nas mãos dos militares, todos amarrados".

 

Os reféns não podiam questionar aos militares sobre as razões da detenção ou retenção e, se o fizessem, eram espancados brutalmente com recurso a cinto. "Depois de muita insistência sobre as razões da detenção, os militares disseram que tinha sido roubada uma motorizada e deviam esperar pelo chefe. Seis horas depois, apareceu o chefe num blindado, mas enquanto aguardavam por ele, os civis sofriam agressões e queimaduras no corpo com recurso a plástico".

 

Um outro familiar contou que o seu primo também foi capturado na terça-feira por membros das FADM quando ia a Mucojo e estes arrancaram-no os cinco mil meticais que trazia, para além de ter sido espancado.

 

Refira-se que, devido às restrições impostas pelas FADM, como forma de reduzir a logística dos terroristas, os populares de Mucojo reclamam elevado custo de vida devido à subida dos preços de produtos da primeira necessidade. Por exemplo, um quilograma de arroz varia entre 90 a 120 meticais. (Carta)

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