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quinta-feira, 11 abril 2019 14:02

Julian Assange: quem é o fundador do Wikileaks, preso em Londres após quase 7 anos exilado em embaixada do Equador

A polícia britânica prendeu nesta quinta-feira o fundador do site de vazamentos de dados sigilosos Wikileaks, Julian Assange, em um novo capítulo da história do ativista. As revelações feitas por Assange mostravam detalhes pouco conhecidos da atuação dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque. Segundo os documentos, soldados americanos são acusados de atacar e matar homens, mulheres e crianças que não tinham relação direta com os conflitos.

 

Assange foi preso na embaixada do Equador em Londres, onde estava exilado havia sete anos. A prisão não estaria relacionada aos vazamentos, mas à acusações de abuso sexual feitas por duas mulheres contra ele na Suécia - casos que ele havia colocado como possíveis investidas dos EUA em uma suposta campanha de "caça às bruxas" contra o Wikileaks. Ele também teria violado as leis dos Estados Unidos ao publicar no Wikileaks documentos secretos do governo americano.

 

O ativista havia-se refugiado na embaixada para evitar a extradição para a Suécia ou, ainda, para os Estados Unidos, mas acabou surpreendido com a retirada do asilo. A Polícia Metropolitana disse que ele foi preso por não se render à Justiça.

 

"Violações"

 

A prisão ocorre um dia após o Wikileaks ter anunciado que havia descoberto uma operação de espionagem das atividades de Assange na embaixada do Equador.

 

O atual governo do presidente do Eaquador, Lenín Moreno vinha limitando as ações permitidas a Assange no interior da embaixada em Londres. Segundo o correspondente da BBC James Landale as autoridades equatorianas já tinham vetado o acesso à internet a Julian Assange e tinham acusado o co-fundador do Wikileaks de estar desenvolvendo atividade política o que não é permitido àqueles que têm o pedido de asilo atentido.

 

O presidente do Equador, Lenin Moreno, disse que retirou o asilo de Assange depois de ele ter violado repetidamente regras internacionais. Em vídeo publicado em sua conta no Twitter, o presidente do Equador, Lenín Moreno, disse que a conduta de Assange era "desrespeitosa e agressiva". Moreno acrescentou que o WikiLeaks publicou declarações "hostis e ameaçadoras". O ex-presidente do Equador Rafael Correa, que atendeu em 2012 o pedido de asilo feito por Assange, criticou a decisão de Lenín Moreno.

 

"Lenín Moreno [...] revelou ao mundo sua miséria humana, entregando Julian Assange a polícia britânica - não somente um asilado, como também um cidadão equatoriano", disse Correa.

 

Para o ex-presidente, a decisão de entregar Julian Assange à polícia britânica "põe em risco a vida dele e representa uma humilhação para o Equador". O Wikileaks, por sua vez, tuitou que o governo do Equador agiu ilegalmente ao encerrar o asilo político de Assange "em violação do direito internacional".

 

O secretário de Estado para Assuntos Internos do Reino Unido, Sajid Javid, confirmou, também via Twitter, a prisão de Assange: "Posso confirmar que Julian Assange está agora sob custódia da polícia e vai responder à Justiça no Reino Unido. Gostaria de agradecer ao Equador por sua cooperação e à polícia por seu profissionalismo. Ninguém está acima da lei." Assange tem 47 anos e havia se recusado a deixar a embaixada, alegando que seria extraditado para os Estados Unidos para interrogatório sobre as atividades do WikiLeaks.

 

Para seus apoiadores, Julian Assange é um corajoso defensor da verdade. Para seus críticos, ele é alguém que busca publicidade e que pos vidas em risco ao colocar uma massa de informações confidenciais em domínio público. Assange é descrito por ex-colaboradores como intenso, motivado e altamente inteligente - com uma capacidade excepcional de decifrar códigos de computador.

 

Ele criou o Wikileaks, que publica documentos e imagens confidenciais, em 2006 - ganhando manchetes em todo o mundo em abril de 2010, quando divulgou imagens de um vídeo mostrando soldados dos Estados Unidos matando 18 civis no Iraque. Eles atiravam do alto de um helicóptero.

 

No final daquele ano, no entanto, Assange acabou detido no Reino Unido após a Suécia emitir um mandado de prisão internacional por denúncias de abuso sexual contra ele.

 

As autoridades suecas queriam interrogá-lo sobre denúncias apresentadas por duas mulheres no país. Uma o acusava de estupro. A outra, de que ele a havia molestado e coagido sexualmente em agosto de 2010, quando esteve em Estocolmo como convidado para dar palestra. Ele diz que os dois encontros foram totalmente consensuais. Assange foi preso pela polícia britânica em 11 de abril depois de passar quase sete anos exilado na embaixada equatoriana e retirar-se das instalações da embaixada. (BBC)

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