O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, avançou hoje que foram detidas no último ano 31 pessoas indiciadas por crimes de rapto no país, numa altura em que se regista uma nova vaga destes crimes em Maputo.
Ao intervir na abertura do conselho coordenador do Ministério do Interior, em Maputo, Filipe Nyusi deu conta da redução dos casos de raptos, em seis casos, bem como frustração de três casos, da detenção de 31 indivíduos indiciados por este crime, da desativação de cativeiros e do resgate de duas vítimas.
"Os criminosos não são fabricados pela polícia, a sociedade gera esses criminosos, mas quando aparecem, a tarefa da polícia é estar de prontidão e resolver”, afirmou Nyusi.
“Desde o último conselho coordenador, há sensivelmente um ano, o setor registou notáveis avanços”, disse o chefe de Estado moçambicano na mesma intervenção, dando conta de uma “redução da criminalidade em 666 casos”, o que, considerou, “não é pouco”.
Acrescentou que as forças policiais concretizaram no último ano o “desmantelamento de 951 quadrilhas que se dedicavam ao cometimento de crimes com recurso a arma de fogo”, em todo o país.
A cidade de Maputo vive há algumas semanas uma nova onda de raptos, sobretudo de empresários, com registo de dois luso-moçambicanos visados no último mês e suspeitas de envolvimento de agentes ligados à investigação policial neste tipo de crime.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português confirmou hoje à Lusa que o Consulado-Geral de Maputo está a acompanhar a tentativa de rapto de um cidadão luso-moçambicano, ocorrida na segunda-feira, o segundo caso num mês.
“O Consulado-Geral em Maputo acompanha a situação da tentativa de rapto de um cidadão luso-moçambicano. As autoridades moçambicanas tomaram conta da ocorrência”, referiu fonte oficial do MNE, em resposta a uma pergunta da Lusa.
Um comerciante luso-moçambicano foi ferido a tiro por desconhecidos que o tentaram raptar na segunda-feira, no centro da cidade de Maputo, crime frustrado graças à intervenção da população.
“Quatro homens munidos com uma pistola e uma arma AKM tentaram raptar um comerciante ao princípio da noite de segunda-feira, na cidade de Maputo, e perante a resistência da vítima e a intervenção de populares, acabou baleado na perna”, disse Leonel Muchina, porta-voz da polícia na capital de Moçambique.
O rapto foi impedido por populares, que arremessaram pedras contra os autores do crime, tendo estes fugido, acrescentou Muchina.
Num outro caso, um grupo de três homens armados raptou na manhã de dia 01 de novembro uma jovem luso-moçambicana de 26 anos, quando esta saía da sua casa em Maputo, cerca das 07:50 locais (05:50 em Lisboa), com a intenção de se dirigir a um ginásio, segundo o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM), Lionel Muchina, em declarações à Lusa no dia do rapto.
“A situação está a ser acompanhada através dos postos diplomáticos e consulares em Maputo, que estão em contacto com a família”, disse anteriormente fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros à Lusa.
Neste caso, a jovem luso-moçambicana permanece em cativeiro até hoje.
Na semana passada, seis pessoas foram detidas por alegada participação numa tentativa de rapto do empresário moçambicano Juneid Lalgy, no dia 08 de novembro, avançou anteriormente o Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).
O porta-voz do Sernic na província de Maputo, Henrique Mendes, disse que os seis homens simularam um acidente de viação para abalroar a viatura de Lalgy e tentar raptar o empresário.
No dia 17 deste mês, um empresário moçambicano ligado ao ramo automóvel foi raptado por homens desconhecidos na cidade de Maputo.
A Confederação das Associações Económicas (CTA), a maior associação patronal do país, defendeu no início de novembro, face a esta nova onda de casos, penas de prisão “mais severas” contra raptores e sem possibilidade de pagamento de caução para travar estes crimes.(Lusa)