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segunda-feira, 27 novembro 2023 06:31

Comissão está a preparar diálogo com insurgentes em Janeiro de 2024, avança Presidente do Conselho Islâmico de Moçambique

 

O presidente do Conselho Islâmico de Moçambique (CISLAMO) anunciou sexta-feira, em Luanda, que uma comissão internacional irá trabalhar em Janeiro de 2024 na província de Cabo Delgado, visando “dialogar com os insurgentes” para alcançar a paz na região.

 

“Estamos a trabalhar nas diversas frentes, como (líder) religioso, como membro do Conselho de Estado e não só, foi nomeada uma comissão composta por membros dos países vizinhos, também da SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e com alguns membros da comunidade europeia. Estamos a trabalhar nisso e já estivemos também em Cabo Delgado”, revelou o Xeique Aminuddin Muhammad.

 

Falando no fim de um serviço religioso na mesquita Ebad Al Rahman, no distrito urbano do Zango 0, no município de Viana, em Luanda, o responsável referiu que têm sido desenvolvidas diversas iniciativas em Cabo Delgado para a pacificação da região.

 

“Estamos a estudar no terreno como vamos fazer isso e já decidimos que o nosso próximo passo [será dado] em Janeiro [de 2024]. Vamos para Cabo Delgado e o governo também está a incentivar-nos a ver se há uma forma e um canal de diálogo com esses insurgentes. Estamos a trabalhar nisso”, disse.

 

O Xeique Aminuddin Muhammad, também membro do Conselho de Estado e presidente do Conselho Islâmico de Moçambique, sublinhou que o problema em Cabo Delgado “não é religioso” e que surgiu como resultado da descoberta de recursos.

 

Segundo o líder islâmico, os muçulmanos vivem em Moçambique há mais de mil anos, antes do domínio colonial, e nunca foram terroristas, mesmo depois de o país ter alcançado a independência, há quase 50 anos.

 

“O problema de Cabo Delgado só surgiu depois da descoberta dos recursos de gás, por isso os políticos deveriam ser questionados porque agora e não antes”, argumentou.

 

Em declarações aos jornalistas, o presidente do CISLAMO enfatizou que os muçulmanos vivem em todas as províncias de Moçambique e não apenas em Cabo Delgado, dizendo que “se o terrorismo tivesse alguma coisa a ver com religião, todo Moçambique seria afectado”. 

 

“Mas as outras partes [do país] são todas pacíficas e a história mostra que éramos todos pacíficos”, disse ele.

 

A província de Cabo Delgado enfrenta uma insurgência armada há seis anos, com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico e seus afiliados.

 

A insurgência levou a uma resposta militar, apoiada desde Julho de 2021 pelo Ruanda e pela SADC, que permitiu libertar distritos próximos dos projectos de gás, enquanto novas ondas de ataques surgiram ao sul da região e na vizinha província de Nampula. (Lusa)

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