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segunda-feira, 23 outubro 2023 19:38

Samora Machel Júnior: “Estou firme para dar o meu contributo para a consolidação do Estado de Direito em Mocambique”

Samora Machel Jùnior, filho do primeiro Presidente moçambicano, Samora Machel, não quer desfazer o tabu do momento sobre sua condição de presidenciável na Frelimo mas, na ressaca do descalabro eleitoral do partido no poder (com graves acusações de fraude e manipulação), ele entrincheirou-se definitivamente contra o nyusismo.

 

E hoje, em reacção a uma ameaça velada da Polícia da República de Moçambique (PRM) em processá-lo por alegada difamação (a PRM rejeitou as acusações de ter matado quatro cidadãos imputadas por Samora Machel Júnior, numa carta em que ele condenava na semana passada “actos antipatrióticos” da Frelimo), ele começa sua carta com as mesmas duas palavras com que o pai inaugurou o Estado moçambicano independente, a 25 de Junho de 1975: “Mocambicanas e Mocambicanos…”. 

 

Eis o texto integral, publicado a poucas horas, onde Samito, como é tratado entre os amigos, se assume firme para dar o seu contributo para a Nação:

 

Moçambicanas, Moçambicanos, família, amigos, Camaradas!

 

Fiquei a saber pelos órgãos de comunicação social do facto de estarem a ser movidas as "demarches" junto das "entidades competentes” para que os factos por mim mencionados, num posicionamento subsequente aos acontecimentos eleitorais e pós eleitorais do último 11 de Outubro, tenham o "devido" enquadramento.

 

Quero, desde já, deixar claro para o conhecimento do público:

 

Sou membro do partido Frelimo militando na província de Cabo Delgado, pela respectiva brigada, há mais de 10 anos. Por conta dessa minha função, criei afectos e recebo constantemente informação da província. Alguma informação é de lamento, outra é a pedir ajuda, e outra ainda é de choro e desespero, como foi o acontecido em Chiúre.

 

O meu dever como cidadão, em posição de destaque, é ouvir, consolar e aconselhar. As minhas fontes, quando partilham informação, não esperam de mim denúncias, mas sim, acção firme para que estes factos não voltem a acontecer.

 

Assim, na minha condição de cidadão e consciência humana, quero assegurar que o importante do meu posicionamento anterior não são os números, mas sim os factos e preocupações que nortearam os ideais da luta de libertação e independência, e que se revêem no legado dos nossos heróis nacionais e antigos combatentes da luta e libertação nacional.

 

São os factos que merecem apuramento, investigação e responsabilização. A prioridade desse apuramento, investigação e responsabilização é pelas vidas humanas, e não pelas pelas palavras de quem procura alertar para a falta de justiça diante da perda de vidas humanas. Uma única vida perdida por uma bala deve ser motivo bastante de preocupação. Pior quando essa vida é um menor, que a família o criava com amor e esperança no seu futuro.

 

Com este episódio, estamos perante uma lição valiosa para a nossa democracia, cujo desfecho será revelado futuramente. Serão as nossas instituições mais ágeis a procurar responsabilizar um simples mensageiro, ou irão (como se espera), ser mais ágeis no que realmente importa com a sua acção, seja no esclarecimento do flagelo dos raptos, do crime organizado e instalado, das perdas de vidas humanas, seja no contexto do meu posicionamento anterior, seja noutros contextos.

 

Saúdo a celeridade, e auguro que continuemos nesta linha de esclarecimento de casos para o bem da Nação Moçambicana. Estou firme, sereno e, acima de tudo, determinado, para dar o meu contributo para o bem da Nação, que como cidadão e membro sénior do Partido Frelimo devo dar, para a consolidação do Estado de Direito democrático.

 

Pela defesa dos pilares que foram os princípios que determinaram a Luta de Libertação Nacional, continuarei, incansavelmente, a lutar para que Moçambique seja a nação que todos almejamos, independentemente da raça, etnia, religião, ou cor partidária.

 

Moçambicanas, Moçambicanos, Família, Amigos, Camaradas!

 

Estou firme para dar o meu contributo.(M.M)

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