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quinta-feira, 28 setembro 2023 06:41

Frelimo recolhe autocarros e deixa eleitorado sem transporte em Maputo

Milhares de munícipes das cidades de Maputo e Matola e vilas de Marracuene e Boane, na província de Maputo, foram privados do transporte público de passageiros, na passada terça-feira, depois que o partido Frelimo recolheu quase todos os autocarros para transportar as suas caravanas, no âmbito da abertura da campanha eleitoral que decorre desde o passado dia 26 de Setembro em todas as 65 autarquias do país.

 

O cenário caótico de falta de transporte verificou-se no meio da tarde, quando a caravana da Frelimo, na cidade de Maputo, desviou mais de cinco dezenas de autocarros para o campo do Hulene, local escolhido para o lançamento da campanha eleitoral de Razaque Manhique.

 

O mesmo cenário aconteceu nos municípios de Marracuene, Boane e Matola, onde membros e simpatizantes do partido no poder foram transportados de autocarros de transporte público dos diversos bairros e distritos da província de Maputo para testemunharem o lançamento da campanha eleitoral de Júlio Parruque (Matola), Geraldina Utchamo (Boane) e Shafee Sidat (Marracuene).

 

COOPTRAB, COOTRAZIMA e COOTRAC são algumas das cooperativas que alocaram seus autocarros ao partido Frelimo para o transporte das caravanas, no lugar de transportar os passageiros dos locais de trabalho para as suas residências. Igualmente, foram desviados autocarros das empresas municipais de Maputo, Matola e Boane para cumprirem agendas partidárias, numa clara violação da legislação eleitoral que proíbe o uso de meios de Estado para a campanha eleitoral.

 

No caso da Cidade de Maputo, refira-se, para além de causar a falta de transporte público, o facto originou longas filas de trânsito nas esburacadas Avenida Julius Nyerere e Rua da Beira, as únicas que dão acesso ao campo de Hulene. A situação deixou centenas de condutores desgastados.

 

“Carta” contactou Castigo Nhamane, Presidente da FEMATRO (Federação Moçambicana das Associações dos Transportadores Rodoviários), para apurar as razões que levaram os seus associados a retirarem autocarros das rotas.

 

Em resposta, Nhamane disse estar surpreso com a informação, por alegadamente não saber que as cooperativas haviam deixado milhares de cidadãos sem transporte, incluindo doentes e estudantes. Assegurou que os seus autocarros estiveram a operar durante o dia inteiro e que não tem conhecimento de qualquer memorando de entendimento entre as cooperativas e o partido Frelimo.

 

Refira-se que esta não é a primeira vez que o partido Frelimo deixa milhares de cidadãos sem transporte público para transportar, de diversos pontos da cidade e província de Maputo, caravanas de apoio aos seus eventos, com destaque para as campanhas eleitorais, sessões do Comité Central e Congressos. (Carta)

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