Hoje começa a campanha eleitoral para as eleições municipais de 11 de Outubro. A pré-campanha foi uma antevisão interessante de como serão os próximos dias.
A Frelimo apostou nos banhos de multidão, sobretudo em Nampula, onde sobressaiu a figura de Celso Correia, o seu Director de Campanha. Sua fasquia é tão alta. Ganhar Nampula e Nacala, municípios nas mãos da oposição.
A meu ver, os banhos de multidão tinham um objectivo: afastar o espectro da fraude. A imagem de uma Frelimo dominando a máquina eleitoral e o aparato do Estado a seu favor é indelével.
Então,
mostrar banhos de multidão sob o manto colorido do vermelhão funciona como proposta de uma vitória antecipada, de um partido com militantes quanto baste, que não precisa de defraudar o pleito eleitoral. Foi esta a aposta de Celso Correia, apoiado por uma forte máquina de promoção.
A Frelimo fez outra coisa notável: os discursos de Talapa e de Roque Silva tiveram um denominador comum, apelando os militantes do partido para para NÃO promoverem a violência. Resta saber se isso vai ser acatado, se as máquinas de pancadaria vão para o defeso.
Por sua vez, a Renamo foi mal servida pelo Ossufo Momad. Ele ainda não percebeu que os apelos à guerra já não fazem sentido, nem como factor de barganha? Qual guerra qual quê!!!
O que a Renamo precisa é organizar sua máquina de monitoria e fiscalização, colher evidências de eventual manipulação e usar os canais institucionais.
Discurso de guerra não funciona, e afasta simpatias.
Outra observação pode ser feita relativamente aos cabeças de lista da Renamo e suas narrativas. Algumas são tremendamente radicais, violentos na abordagem da corrupção, deixando no ar ideia de que uma vez no poder eles vão desmontar toda a máquina instalada, e substituir por seus apaniguados. É um discurso que provoca medo e insegurança para quem trabalha na administração estatal municipal. Muchanga na Matola é o pior nesse registo. Uma propaganda perfeitamente ruim. Que afasta simpatias e ajuda a Frelimo.
A Renamo não precisa de hostilizar os militantes da Frelimo porque isso reforça a sua psicologia de voto: a Frelimo controla o Estado e todos os detalhes funcionários do Estado e seus dependentes, filhos, sobrinhos, primos, avó, etc vão votar no sentido da manutenção do status quo, maximizando seus ganhos! É racional!
A campanha está aí à porta. Finalmente vamos ouvir os cabeças de lista da Frelimo falando. O que pensa Razaque Manhique de Maputo? Como é que Júlio Parruque concebe a Matola? E Stella Neta na Beira? Vai fazer o quê mesmo?(MMosse)