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BCI
terça-feira, 22 agosto 2023 06:03

Hospitais estão a mandar pacientes para casa sem receber o devido atendimento

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Alguns hospitais da cidade de Maputo não estão a prestar os serviços mínimos e estão a mandar os pacientes para casa sem receber o devido atendimento. Cenários deploráveis de pacientes que não sabem onde ter socorro porque os referidos hospitais não estavam a atender reflectem a quase falência do Serviço Nacional da Saúde.

 

Depois dos profissionais de saúde terem iniciado a greve na manhã do último domingo, “Carta” visitou o Hospital Geral José Macamo e o Centro de Saúde de Chamanculo, ambos na cidade de Maputo, e o cenário era de uma paralisação quase total.

 

Primeiro, fizemos uma ronda no Hospital José Macamo onde logo percebemos que o banco de socorros estava a atender normalmente e os pacientes, mesmo insatisfeitos com a morosidade, não apresentaram nenhuma queixa.

 

No Hospital José Macamo, à excepção do banco de socorros que estava a atender normalmente os pacientes, mesmo com alguma morosidade, o sector de atendimento de mulheres grávidas estava inoperacional e maior parte estava a voltar para casa sem o devido atendimento porque não se encontrava ninguém para prestar aquele tipo de serviço.

 

Encontramos ainda Carlos e Rosa Matlombe, ambos residentes de Khongolote, que estavam na companhia do seu irmão que se encontra gravemente doente, mas não recebeu o devido atendimento por falta de médico.

 

“Nosso irmão fez a consulta no Centro de Saúde de Chamanculo na quinta-feira e lá deram uma requisição para fazer alguns exames aqui no José Macamo, mas desde sexta-feira não estamos a conseguir porque dizem que o médico que devia estar a trabalhar naquele sector não aparece há dias e nem sabemos onde vamos fazer porque a guia diz que temos que realizar o exame aqui. Nesta terça-feira, ele tem uma consulta com o médico que devia ver os resultados para prescrever a devida medicação”, explicaram.

 

Tentamos obter a reacção da direcção do Hospital José Macamo, mas fomos informados que está reunida com alguns médicos para a busca de soluções para responder ao cenário da greve.

 

“Carta” seguiu para o Centro de Saúde de Chamanculo e logo à entrada encontrou Anabela Constâncio e Alda Gulamo. A primeira procurava pelos serviços de pediatria e a segunda queria fazer a consulta de pré-natal para saber o estado do seu bebé. Ambas estavam tristes porque não receberam o devido atendimento.

 

“Estou a voltar para casa, a minha filha tem apenas um mês e está com dificuldades para respirar por conta da gripe. Cheguei neste hospital às 7h00 e até agora que são 11h00 não fui atendida. Quando procuro saber o que se passa dizem que não estão a atender por causa da greve”, disse Anabela Constâncio.

 

“Eu tive consulta com a médica na semana passada e ela recomendou-me a fazer ecografia. Fui ao Hospital José Macamo e Hospital Central e disseram que estes serviços não estão a ser realizados por conta da greve. Mesmo as consultas especiais não estão a acontecer. Não sei o que fazer, os meus dias para o parto estão a aproximar-se e o desespero tomou conta de mim. Nem imagino qual é a situação do meu bebé porque não consigo fazer nenhum exame. Não tenho condições de ir a uma clínica e o que me resta é esperar até ao dia em que vão decidir atender” explicou Alda Gulamo.

 

Naquela unidade sanitária vários serviços não estavam a funcionar, incluindo as consultas de adultos e os pacientes não paravam de murmurar. Encontramos ainda uma enfermeira que preferiu não se identificar e que estava a chegar quando eram 10h45min e garantiu que não ia trabalhar, mas sim apreciar o ambiente para ver o que os outros colegas estavam a fazer.

 

“Vim só dar uma volta, não estamos a trabalhar porque há greve dos médicos e dos enfermeiros, dentro de alguns minutos vou para casa e não me importo se no fim do mês vão cortar ou não o meu salário”, frisou. (Marta Afonso)

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