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terça-feira, 11 julho 2023 06:22

PRM proíbe membros de se expressarem nas redes sociais

bernadino rafael sensura

Chegou ao fim a era de desabafos pessoais dos membros da Polícia da República de Moçambique (PRM) nas redes sociais acerca do seu dia-a-dia do trabalho, com destaque para a denúncia das más condições de trabalho na corporação e dos recorrentes atrasos salariais.

 

Uma nota da Direcção da Doutrina e Ética Policial, do Comando-Geral da Polícia, datada de 16 de Junho de 2023, a que “Carta” teve acesso, estabelece nova forma de ser e de estar dos agentes da Polícia nas redes sociais, como forma de salvaguardar a imagem da corporação.

 

Entre as novas regras (um total de 14) está a proibição do “desabafo” ou a publicação de vídeos, áudios e fotografias que atentem contra a privacidade e a dignidade das pessoas envolvidas. Consta ainda a proibição de postar todos os eventos directos ou indirectos da PRM nas redes sociais.

 

A Direcção da Doutrina e Ética Policial do Comando-Geral da PRM justifica o estabelecimento das novas regras com o facto de estar a notar “recorrentes casos de publicação de imagens e difusão de informações meramente policiais por parte de alguns membros da PRM, alguns deles uniformizados e em poses que indicam libertinagem, através das plataformas digitais (WhatsApp, Tik Tok e Facebook)”.

 

“Estas práticas configuram o que na vasta literatura sobre redes sociais se designa «uso indevido das redes sociais», o que pode trazer efeitos adversos, não apenas ao comportamento e imagem do membro, como também à imagem institucional”, acrescenta o documento enviado aos ramos, direcções, unidades e estabelecimentos de ensino da PRM.

 

A directiva, já em vigor há quase 30 dias, divide opiniões na corporação, com alguns a saudarem a iniciativa da Directora de Doutrina e Ética Policial, Lurdes Mabunda, e outros a encontrarem na norma uma forma de silenciar os membros da PRM.

 

Os apoiantes da iniciativa entendem que alguns colegas estavam a ultrapassar os limites na sua forma de se expressar nas redes sociais, pois, publicavam fotografias, em suas redes sociais, com armas de fogos e outros instrumentos de trabalho, enquanto outros postavam vídeos fazendo danças eróticas com uniforme da corporação.

 

No entanto, outro grupo de agentes da PRM entende que a norma vai limitar a sua liberdade de expressão, pois, não poderão partilhar as suas lutas, sobretudo as condições de trabalho. O grupo entende que as redes sociais eram os únicos meios encontrados por estes para reivindicarem os seus direitos, visto que a nível interno não são permitidos reclamar.

 

Aliás, em Março último, alguns agentes da PRM, sobretudo da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), recorreram às redes sociais para denunciar as más condições de trabalho, os atrasos no pagamento de salários e no pagamento dos retroactivos, no âmbito da implementação da Tabela Salarial Única (TSU), dias depois de terem agredido cidadãos indefesos nas cidades de Maputo, Xai-Xai, Beira e Nampula. (Carta)

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