Cinco dias depois do arranque do recenseamento eleitoral para as VI Eleições Autárquicas, a realizarem-se no próximo dia 11 de Outubro, chegam os primeiros relatos de violência, envolvendo simpatizantes da Frelimo e da Renamo, os dois principais partidos políticos do país.
De acordo com o Centro de Integridade Pública, que integra um consórcio de organizações da sociedade civil que observa o processo de recenseamento eleitoral, denominado “Mais Integridade”, os actos de violência ocorreram no último domingo, nas cidades de Angoche e Chimoio, províncias de Nampula e Manica, respectivamente.
Em Angoche, por exemplo, escreve o CIP no seu Boletim sobre as Eleições, a violência começou quando a Frelimo acusou a Renamo de trazer, clandestinamente, um carro com membros seus residentes fora do perímetro do município para se recensearem. A Renamo, afirma o CIP, tentou afastar os membros da Frelimo das filas, o que gerou desentendimento e agressões físicas. Ninguém saiu ferido.
“O nosso correspondente conseguiu filmar a confusão, mas os membros da Renamo cercaram-no e obrigaram-no a apagar a filmagem sob ameaças de espancamento. A intervenção de um agente da polícia evitou que fosse agredido, mas o vídeo acabou sendo apagado”, narra a organização, revelando que as agressões físicas resultaram na danificação parcial da impressora usada no recenseamento.
Após o incidente, o presidente da Comissão Distrital de Eleições de Angoche, Domingos Amisse, ordenou que o recenseamento fosse realizado à porta fechada, porém, o processo foi retomado esta segunda-feira sem sobressaltos.
Já em Chimoio, província de Manica, conta o CIP, a vítima de violência foi um fiscal da Renamo, de nome Augusto Macorreia, que foi agredido por agentes da Polícia, quando tentava impedir o recenseamento de indivíduos, supostamente residentes fora do perímetro municipal. A publicação não traz mais detalhes em torno deste incidente.
Tentativas de “enchimento” de cadernos eleitorais
Para além de actos de violência, o CIP relata situações de tentativa de enchimento de cadernos eleitorais. Conta, por exemplo, que no distrito de Malema, província de Nampula, um jovem residente fora do perímetro municipal tentou, sem sucesso, registar-se.
Situação idêntica foi registada no distrito de Alto Molócuè, na província da Zambézia, onde um fiscal do partido Frelimo, de nome Silva Pereira Pilima, recenseou-se duas vezes em mesas diferentes.
“Primeiro recenseou-se no posto de recenseamento da Pista Velha e depois no posto da EPC Malua, onde foi descoberto. A máquina rejeitou-o, visto que usava mesmo nome para se recensear, mas, mesmo assim, imprimiu-se o seu cartão de eleitor”, denuncia o CIP.
Refira-se que o recenseamento eleitoral arrancou no passado dia 20 de Abril, nas 65 autarquias do país, e termina no próximo dia 3 de Junho. Lembre-se que se recenseiam todos os cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos ou que vão completar 18 anos até ao próximo dia 11 de Outubro. Sublinhe-se que só pode votar quem se tenha recenseado. (Carta)