O UBS Group AG anunciou neste domingo a compra do Credit Suisse, seu maior concorrente no mercado, por 3 bilhões de francos suíços, valor que corresponde a US $3,23 bilhões. O acordo criará um gestor de patrimônio global com US $5 trilhões em activos investidos em todo o grupo. Os activos combinados dos dois bancos são aproximadamente o dobro do tamanho do produto interno bruto da Suíça.
O preço é menos da metade dos 7,4 bilhões de francos suíços que o Credit Suisse valia na sexta-feira, dia em que foi revelada uma crise astronômica do CS. O negócio inclui extensas garantias do governo e provisões de liquidez. O preço por acção marcou uma queda de 99% em relação ao pico do Credit Suisse em 2007, segundo cálculos da Bloomberg.
A negociação histórica, mediada pelo governo, tinha como objetivo conter os danos envolvendo a crise de confiança com potencial de se espalhar por todo o mercado financeiro mundial. A proposta inicial do UBS era de até US$ 1 bilhão, mas o valor foi criticado por integrantes da concorrente.
O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e o Departamento do Tesouro americano saudaram o acordo, assim como o Banco Central Europeu. As autoridades buscaram um acordo antes que os mercados voltassem a abrir na Ásia.
Em comunicado, o próprio Credit Suisse afirmou que a fusão "ocorre depois que o Departamento Federal Suíço de Finanças, o Banco Nacional Suíço e a FINMA (Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro) pedirem a ambas as empresas que concluírem a transação para restaurar a confiança necessária na estabilidade da economia suíça e do sistema bancário".
O Credit explicou que o UBS será a entidade sobrevivente após o fechamento da operação de fusão, prevista para ocorrer até o fim de 2023. "O Credit Suisse continuará conduzindo seus negócios no curso normal e implementando suas medidas de reestruturação em colaboração com o UBS", disse o banco em nota.
O Credit Suisse afirmou que o Conselho Federal Suíço está emitindo um decreto de emergência sobre a transação. "A fusão será implementada sem a aprovação necessária dos accionistas do UBS e do Credit Suisse para aumentar a certeza do negócio", informou o banco.
O Banco Nacional da Suíça está oferecendo ainda uma linha de liquidez de 100 bilhões de francos suíços à UBS, enquanto o governo está concedendo uma garantia de 9 bilhões de francos suiços para assumir perdas potenciais de activos que o UBS está assumindo.
- Era indispensável que agíssemos rapidamente e encontrássemos uma solução o mais rápido possível - disse o presidente do Banco Nacional da Suíça, Thomas Jordan , em coletiva de imprensa.
Os clientes do Credit sacaram mais de US$ 100 bilhões em activos nos últimos três meses do ano passado, à medida que aumentavam as preocupações sobre a saúde financeira do banco, e as saídas continuaram mesmo depois de atrair os acionistas em um aumento de capital de 4 bilhões de francos.
- Essa era a única solução possível - disse a ministra das Finanças da Suíça, Karin Keller-Sutter, acrescentando que era necessária para estabilizar os mercados financeiros suíço e internacional.
O Credit Suisse, disse ela, não era mais capaz de sobreviver sozinho.
Ao longo da semana, o banco central suíço tentou conter a retirada de investimentos no Credit Suisse com apoio de liquidez, que suspendeu temporariamente a fuga de capitais. Não entanto, o drama do mercado continuou trazendo o risco de que clientes continuem retirando recursos, além do possível espalhamento para os demais setores. (Bloomberg)