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terça-feira, 07 março 2023 06:58

Retaliação? Desconhecidos incendeiam viatura sul-africana em Matutuíne

queima RSA

Enquanto a diplomacia moçambicana não encontra fórmulas para “restabelecer” a segurança rodoviária no corredor Maputo-Durban, onde 13 viaturas com matrícula moçambicana foram incendiadas desde Janeiro último no território sul-africano, transportadores e anónimos “retaliam”, com recurso à justiça popular, a barbárie que se verifica na vizinha África do Sul.

 

Na manhã desta segunda-feira, indivíduos ainda não identificados incendiaram uma viatura de transporte de passageiros com matrícula sul-africana, no distrito de Matutuíne, província de Maputo. A acção ocorreu às 11:30 horas, na Estrada Nacional Nº 1, na região de Madjuva, que se localiza entre a sede distrital de Matutuíne (Bela Vista) e o Distrito Municipal da KaTembe. A viatura partia do Terminal da Junta com destino a Durban.

 

Até ao momento são desconhecidas as razões que causaram o incêndio, porém, acredita-se que se trate de um acto de retaliação, levado a cabo por cidadãos moçambicanos, em resultado das acções criminosas que ocorrem nas regiões de Umhlabuyalingana e Hlabisa, na província de KwaZulu-Natal, na vizinha África do Sul.

 

Segundo a Polícia da República de Moçambique (PRM), a nível da Província de Maputo, o acto foi protagonizado por indivíduos que se faziam passar de passageiros para aquela cidade sul-africana. A PRM explica que, depois de imobilizar a viatura, os indivíduos retiraram a chave da viatura da ignição e de seguida regaram o veículo de combustível e obrigaram os passageiros a retirar-se do carro.

 

Para a Polícia, o acto foi planificado e garante estar perto de deter o respectivo autor moral. Revela que o referido indivíduo terá negociado com o condutor da viatura para que buscasse os referidos passageiros naquela região do distrito de Matutuíne. A viatura tinha nove ocupantes, incluindo o motorista, que perderam todos seus bens.

 

Este, sublinhe-se, é o primeiro caso de incêndio de uma viatura com matrícula sul-africana no território moçambicano, facto que preocupa as autoridades. No entanto, o mesmo ocorre 20 dias depois de transportadores moçambicanos que operam na rota Maputo-Durban terem bloqueado a entrada e saída de viaturas na fronteira da Ponta do Ouro, em protesto contra a vandalização de carros e bens de cidadãos moçambicanos naquele país.

 

Desde o registo do primeiro caso, no passado dia 24 de Janeiro, a diplomacia moçambicana tem-se mostrado incapaz de influenciar a sua contraparte sul-africana a combater o terror que é vivido por moçambicanos naquele território.

 

Aliás, neste fim-de-semana, a Ministra do Interior, Arsénia Massingue, voltou a reunir-se com o seu homólogo sul-africano, Bheki Cele, com o objectivo de encontrar soluções para o problema, mas sem resultados palpáveis. Desde finais de Janeiro último que apenas viaturas com matrícula sul-africana têm garantido o transporte de passageiros de Maputo a Durban e vice-versa.

 

No encontro, que teve lugar na turística Cidade de Cabo, na África do Sul, Massingue voltou a defender a coordenação entre os dois países, com vista a estancar a onda de criminalidade.

 

Refira-se que, no passado dia 31 de Janeiro, as autoridades sul-africanas defenderam que a onda de vandalização de viaturas moçambicanas naquele país devia-se à onda de roubo de viaturas, da África do Sul para Moçambique, supostamente protagonizada por moçambicanos. (A.M.)

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