A SAIPEM concordou em reiniciar o projecto de gás natural liquefeito (GNL) em Moçambique para a TotalEnergies, em Julho, disse terça-feira o presidente-executivo do grupo italiano de serviços energéticos.
O projecto, que seria o primeiro desenvolvimento “onshore” de uma planta de GNL no país africano, foi paralisado em 2021 por questões de segurança. O contrato tem valor de 3,5 biliões de euros (US$ 3,72 biliões) para o grupo italiano.
“Prevemos reiniciar gradualmente o projecto (Moçambique), de acordo com a informação recebida pelos nossos clientes, a partir de Julho deste ano”, disse o CEO da SAIPEM, Alessandro Puliti, durante uma chamada sobre os resultados do grupo para 2022.
A “Joint Venture” CCSJV scarl, liderada pela SAIPEM com a McDermott International e a Chiyoda Corporation, obteve em Junho de 2019 o contrato de engenharia, aquisição e construção do projecto “onshore” de GNL em Moçambique no valor total de 8 biliões de dólares, dos quais a participação da SAIPEM é de aproximadamente 6 biliões de dólares.
Puliti disse que a SAIPEM não tem informação directa sobre a situação de direitos humanos e segurança na província de Cabo Delgado, onde o projecto será localizado.
No início deste mês, a TotalEnergies encarregou Jean-Christophe Rufin, especialista em acção humanitária e direitos humanos, de realizar uma missão independente para avaliar a situação humanitária na província antes de tomar uma decisão sobre o reinício das operações.
“Não temos visibilidade directa do relatório sobre direitos humanos, mas concordamos com a Total sobre o reinício em Julho… isso implica que nosso cliente está confiante para resolver possíveis questões pendentes até essa data”, disse Puliti.
Na terça-feira, a Total disse à Reuters que esperaria por uma avaliação de direitos humanos encomendada por Rufin antes de anunciar qualquer reinício do projecto.
A empresa francesa acrescentou ainda não ter uma data para receber o relatório, após uma estimativa inicial do final de Fevereiro. Lorette Philippot, activista da Friends of the Earth France, disse que não é possível que as consequências negativas do projecto para o clima e as pessoas sejam resolvidas até o verão.
“A situação no terreno é crítica: a indústria do gás tem sido fundamental para o conflito brutal que criou 1 milhão de refugiados internos”, disse Philippot. (Reuters)