As cheias e inundações urbanas que se registam na cidade e província de Maputo, desde o dia 08 do corrente mês, já causaram seis mortos, 36.700 pessoas afectadas, o que corresponde a pouco mais de 7 mil famílias, para além de infra-estruturas danificadas. Entretanto, o número de famílias afectadas é ainda maior, pois há pessoas que continuam longe das estatísticas.
Se no sábado (11), o número de pessoas afectadas era de pouco mais de 28.6 mil, o correspondente a 5.7 mil famílias, dados reportados este domingo (12) pela Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), Luísa Meque, a partir do distrito de Boane, indicam que mais de 36.7 mil pessoas (até agora contabilizadas) foram afectadas pelas inundações, o que corresponde a 7.3 mil famílias e igual número de casas inundadas e seis óbitos.
Com base no balanço preliminar apresentado ao meio-dia, Meque explicou que os dados apresentados dizem respeito aos danos reportados nos distritos de Boane, Moamba, Namaacha e Manhiça.
A chuva que se registou na África do Sul e E-swatini, mais de 300 milímetros em 24 horas, levou a que a barragem dos Pequenos Libombos atingisse o limite da sua capacidade de encaixe, o que causou cheias na bacia hidrográfica do Umbeluzi.
Em termos de centros de acomodação, o INGD contava até domingo com cinco centros que albergam pouco mais de 17.9 mil pessoas (incluindo resgatados), o que corresponde a 3.5 mil famílias que perderam parcial ou completamente os seus bens e que qualquer ajuda é-lhes bem-vinda.
“Do trabalho que está a ser feito no terreno, contamos não só com o apoio do Governo, mas também de singulares, o que é muito bom. Continuamos a apelar a todos para que, sempre que possível, apoiem os nossos irmãos, que na hora do resgate saíram praticamente sem nada depois de perderem os seus pertences”, disse a Presidente do INGD.
No sector de Obras Públicas, a Delegada da Administração Nacional de Estradas na província de Maputo, Rubina Nurmamade, relatou que existem cerca de 270 km de estradas intransitáveis e outros 350 km em condição de transitabilidade bastante condicionada.
“Temos o registo de desabamento de uma ponte de betão armado, arrastamento de uma ponte metálica, danos severos em dois drifts e arrastamento e destruição de oito aquedutos em várias estradas. Entretanto, acreditamos que depois desta situação teremos ainda muito mais danos na nossa rede de estradas”, acrescentou a Delegada, falando à Rádio Moçambique.
No sector de electricidade, a empresa pública que vela pelo sector (EDM) garantiu ainda ontem àquela estação radiofónica estar a envidar esforços para permitir total abastecimento de energia à Estação de Tratamento de Água (ETA) do Umbeluzi, que actualmente funciona com restrições devido a inundações, facto que afecta o Grande Maputo. “Mobilizamos equipas de manutenção para nos focarmos na situação, dada a sua gravidade. Já há uma solução à vista tecnicamente para podermos alimentar a ETA. Esperamos ainda hoje repor energia para a empresa Águas da Região de Maputo”, disse o representante da EDM, Osvaldo Wate.
As chuvas intensas que caiem no Grande Maputo, desde quarta-feira (08), foram se agravando nos dois dias seguintes, facto associado às descargas feitas na Barragem dos Pequenos Libombos, bem como em outras localizadas na vizinha África do Sul, culminando com inundações, sobretudo no distrito de Boane. Nesta parcela, por exemplo, a ponte conhecida por “Mazambanine”, que liga o distrito à localidade de Mahubo-25, ao longo da Estrada Nacional Nº 2, está inundada e a travessia é feita com ajuda de pequenas embarcações.
Para minimizar o sofrimento da população, o INGD abriu 10 Centros de Acomodação na cidade e província de Maputo, onde alberga cerca de 13.700 pessoas, sendo que das actividades de resgate foi possível salvar cerca de 15.300 pessoas.
O INGD garante ainda que para prestar socorro às vítimas conta com o apoio da Equipa Humanitária Nacional. Entretanto, até domingo último, o INGD disse que as águas tendem a baixar no terreno, o que pode permitir a circulação de pessoas e bens nos próximos dias, caso a chuva intensa não continue.
De um modo geral, as chuvas que caíram intensamente nos últimos dias provocaram destruição, dor e luto que a cada dia continuam a ser contabilizados na Cidade e principalmente na Província de Maputo. (Evaristo Chilingue/Marta Afonso)