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quarta-feira, 13 março 2019 07:27

Júlio Parruque: o Governador que usa a censura para esconder a insurgência em Cabo Delgado!

Um encontro de intimidação para demonstrar a intolerância do regime para com a liberdade de imprensa é como se pode interpretar o objectivo da conferência de imprensa que o governador de Cabo Delgado, Júlio Parruque, convocou com todos os jornalistas daquela província logo após a detenção do também jornalista Germano Adriano, no dia 22 de Fevereiro último.

 

Parruque convocou o encontro, realizado no dia 23 de Fevereiro, com uma explícita intenção de avisar que, como acontecera em relação a Germano Adriano e Amade Abubacar, ambos ainda encarcerados por exercício do seu dever de informar, não seria permitido aos jornalistas ‘ousados’ publicar notícias sobre Cabo Delgado cujo teor não fosse bem digerido pelo regime.

 

Dirigindo-se aos jornalistas que compareceram na referida conferência de imprensa, Júlio Parruque disse que o dia-a-dia da província da Cabo Delgado não era feito apenas de ataques, corrupção, enriquecimento ilícito, tráfico de drogas, pesca ilegal e outros problemas sociais e políticos. Com um indisfarçável tom de ameaça, acrescentou que, a partir do dia 23 de Fevereiro em diante, ele, governador provincial, não iria tolerar que os jornalistas de Cabo Delgado abordassem nos seus trabalhos jornalísticos os aspectos acima mencionados.

 

Num explícito acto de censura, o governador Parruque avisou que tudo o que se pretenda publicar sobre Cabo Delgado deve antes ser devidamente analisado! A mesma orientação foi dada aos administradores distritais e outros oficiais de Cabo Delgado, no sentido de que tudo o que estiver relacionado com a insurgência naquela província não devia ser discutido nem comentado em qualquer lugar!

 

Entretanto, na sequência da orientação de Júlio Parruque, os agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) têm protagonizado campanhas intimidatórias em alguns círculos sociais e políticos da província, com o objectivo de forçar o cumprimento da ordem dada pelo chefe! Alguns dirigentes distritais e provinciais ouvidos pela “Carta” são de opinião que o assunto da insurgência não tem sido levado a sério pela liderança provincial, muito menos pelo Governo Central. Segundo as nossas fontes, “se existisse vontade o caso já teria sido resolvido”. (Paula Mawar e Omardine Omar)

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