Invocam-se todas as preces em Chókwè para que o “velho” fantasma das cheias não atinja aquele distrito da província de Gaza, na presente época chuvosa, que se estende até fim do próximo mês de Março. Em causa está o aumento das descargas das águas na barragem de Massingir, localizada no distrito com mesmo nome, na província de Gaza, que esta quarta-feira subiram de 400 para 500 metros cúbicos por segundo.
Segundo os gestores da Barragem de Massingir, o aumento das descargas visa criar maior capacidade de encaixe das águas naquela infra-estrutura hidráulica face às descargas em curso na África do Sul e no Zimbabwe.
Em conversa com a Televisão de Moçambique (TVM), o Director do Gabinete do Baixo Limpopo, Ivan Cuna, explicou que as descargas iniciaram em Outubro do ano passado, com volumes de 40 metros cúbicos, tendo aumentado gradualmente.
“Em Outubro de 2022, nós estávamos com 45% da nossa capacidade, estamos a falar de cerca de 2.400 milhões de metros cúbicos e a nossa previsão é chegarmos a 56%, estamos a falar de cerca de 1.500 milhões de metros cúbicos. Neste momento, pelas descargas feitas, estamos a 1.800 milhões de metros cúbicos, que é de 63%”, explicou a fonte, assegurando que a situação ainda está controlada.
Segundo Cuna, os níveis hidrométricos ainda são satisfatórios nos distritos de Xai-Xai e Chókwè, sendo que já há registo de cheias no distrito de Chibuto, concretamente na região de Sicacaze, onde as águas já cobriram algumas machambas.
O responsável disse à TVM que as descargas irão se manter pelos próximos 15 dias, não havendo previsão sobre o aumento e/ou redução do nível das descargas, na medida em que essas decisões estão dependentes da situação hidrológica na África do Sul e no Zimbabwe.
Em Chókwè, distrito ciclicamente afectado pelas cheias na província de Gaza, já se fez os cálculos de quantas pessoas poderão ser afectadas pelas cheias na presente época chuvosa, assim como a dimensão dos campos agrícolas a serem cobertos pelas águas.
À TVM, José Moiane, Edil da cidade de Chókwè, disse que as cheias poderão afectar perto de 190 mil pessoas e mais de 1000 hectares de culturas diversas, pelo que já foram reactivados os Comités Comunitários de Gestão de Risco de Desastres, assim como estão em curso as campanhas de sensibilização da população, de modo a estar alerta aos sensores comunitários montados em três pontos estratégicos nos bairros 1, 2 e 5 daquela cidade.
Refira-se que o distrito de Chókwè, outrora considerado o celeiro do país, tem sido vítima das cheias causadas pelo transbordo do Rio Limpopo. Em 2013, por exemplo, a respectiva cidade foi invadida pelas águas, que consumiram aquela cidade quase na sua totalidade.
Com as chuvas a não cessarem na África do Sul e no Zimbabwe, onde o Rio Limpopo serve de fronteira natural entre os dois países da região Austral de África, paira mais um “fantasma” das cheias no distrito de Chókwè, que também poderá registar chuvas fortes neste fim-de-semana. (Carta)