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Actualizado de Segunda a Sexta

terça-feira, 13 dezembro 2022 08:30

Persiste incumprimento do DDR – denuncia Ossufo Momade

Três anos depois da sua integração nas fileiras da Polícia da República de Moçambique (PRM), no âmbito da implementação do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) dos homens da Renamo, oficiais da Renamo ainda clamam pela sua nomeação para os cargos de chefia no Comando-Geral da corporação.

 

Segundo o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, os 10 oficiais da Renamo integrados na PRM, em Agosto de 2019, ainda não foram nomeados para os cargos de direcção a nível do Comando-Geral da PRM, tal como foi acordado entre Filipe Nyusi e Ossufo Momade, aquando da assinatura do Acordo de Paz de Maputo.

 

Estas preocupações foram manifestadas esta segunda-feira, durante a abertura da IV Sessão Ordinária do Conselho Nacional do maior partido da oposição no xadrez político nacional, que teve lugar nesta segunda-feira.

 

“Infelizmente, para acrescentar a manifesta falta de vontade do Governo em prosseguir com o processo de paz, os 10 primeiros Oficiais ainda aguardam, sem justificação, a sua integração no Comando-Geral da Polícia, segundo o acordado”, disse Ossufo Momade.

 

Aliás, o líder da “perdiz” revela que, dos 4.001 guerrilheiros desmobilizados, de um total de 5.254, apenas 46 é que foram enquadrados na PRM, desde o arranque do processo, o que corresponde a 1,2% do total dos guerrilheiros já desmobilizados. Sublinhar que, dos 46 guerrilheiros integrados na PRM, 10 foram incorporados nos últimos nove meses.

 

“Na senda dos entendimentos, recentemente, submetemos ao Governo uma lista de 100 oficiais que deverão ser integrados nas Forças de Defesa e Segurança”, sublinhou.

 

Intervindo perante os membros do principal órgão político do partido, Ossufo Momade denunciou ainda a falta de fixação de pensões dos combatentes já desmobilizados. “Combatentes já desmobilizados continuam a aguardar pela fixação das pensões, apesar da nossa permanente exigência ao Governo, que se remete ao silêncio maquiavélico”, afirmou, defendendo que o silêncio do Governo visa distrair a “perdiz” e fazê-la perder a paciência, para depois atribuí-la a culpa “dos fracassos da governação”.

 

“Cientes disso, não iremos embarcar nessa onda e nem vamos demonstrar musculatura e nem posição de força”, garante o líder da Renamo, sublinhando a necessidade de o Presidente da República cumprir com o Acordo de Paz de Maputo, por ele assinado.

 

Para Ossufo Momade, o DDR “é a materialização” do Acordo de Maputo, pelo que a Renamo está a cumpri-lo “no espírito e na letra”, tal como o fez com os “Acordos de 4 de Outubro de 1992 e de 5 de Setembro de 2014”.

 

Refira-se que os 10 oficiais da Renamo foram apresentados publicamente à corporação no passado dia 02 de Agosto de 2019 pelo Comandante-Geral da PRM, Bernardino Rafael, no âmbito da implementação do Acordo de Cessação das Hostilidades.

 

As preocupações manifestadas por Ossufo Momade em torno do DDR não são novas. Em Março último, por exemplo, o líder da perdiz disse que os 36 guerrilheiros, até então integrados na PRM, estavam em casa sem qualquer trabalho e muito menos subsídio.

 

Já o Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, sempre disse estar confiante no sucesso do DDR e que as reclamações apresentadas pela Renamo resultam de “sobressaltos” que se verificam no processo. (Carta)

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