O Partido Frelimo escolheu José Grachane para o cargo de director-geral adjunto do STAE. A nota sobre a sua nomeação deu entrada ontem no gabinete do presidente da CNE, e hoje será apresentada em sessão plenária.
José Grachane substitui, com efeitos imediatos, Agostinho Leviaque que ocupou o cargo durante muito tempo. Agostinho Leviaque foi considerado débil na defesa dos interesses do partido, nomeadamente no conflito pela eleição do novo director do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral - STAE (ver Boletim n.º 2). Grachane é visto pela Frelimo como “um homem forte” para “controlar a situação” no STAE e servir de contrapeso a Loló Correia. Grachane minou sistematicamente a eleição e posse de Correia, através de um recurso para o Tribunal Administrativo da Cidade de Maputo.
A Frelimo queria Helena Garrine para o cargo de director-geral do STAE, mas na votação venceu Loló Correia, escolhido pelo júri como o candidato que reunia todos os requisitos. A derrota de Garrine não agradou aos apoiantes da Frelimo, que aconselharam José Grachane, terceiro classificado da lista, a recorrer ao presidente da CNE, Dom Carlos Matsinhe, alegando que não tinha sido submetido a entrevista profissional, conforme previsto na lei.
A CNE rejeitou o recurso por “faltar qualquer base legal”. José Grachane recorreu então para o Tribunal Administrativo da Cidade de Maputo, mas não obteve resposta favorável. Após a sua nova nomeação, Grachane teve outro recurso em curso no Tribunal Administrativo, contestando a decisão do Tribunal Administrativo da Cidade de Maputo.
A nomeação de José Grachane encerra uma saga que teve episódios interessantes e foi a última cartada que a Frelimo tinha na manga para colocar um contrapeso no STAE, ao sacrificar Agostinho Lavieque.O afastamento, com efeitos imediatos, de Agostinho Lavieque é um forte sinal que a Frelimo está a enviar aos seus militantes que não se alinham com a posição oficial do partido.
O STAE é constituído por um director-geral recrutado por concurso público (Loló Correia) e dois directores-adjuntos nomeados pelos dois principais partidos políticos do país, a Frelimo (José Grachane, a partir de hoje) e a Renamo (Estevão Fernando). (CIP Eleições)