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sexta-feira, 16 setembro 2022 07:43

Bispo de Pemba diz que, para travar os terroristas, deve-se dar um futuro aos jovens

O Bispo da Diocese de Pemba, localizada em Cabo Delgado, Juliasse Ferreira Sandramo, disse que a resposta aos ataques terroristas não pode ser apenas militar, mas também é necessário dar esperança aos jovens, caso contrário, seriam tentados e recrutados para as fileiras dos terroristas.

 

Em declarações ao órgão “Club of Mozambique”, o Bispo Sandramo, que está de visita a Portugal, explicou que “não pode haver vítimas de primeira e segunda classe.”

 

“Sem a ajuda da comunidade internacional, nada pode ser feito”, garante Sandramo, que salienta que Moçambique deve continuar a ser uma prioridade global. 

 

O Bispo Sandramo frisou que o terrorismo se alastrou recentemente à província de Nampula, onde durante o assalto à missão de Chipene, na noite de 6 de Setembro, foi morta a Irmã Maria De Coppi.

 

“Desde o início da guerra na Ucrânia, a falta de apoio do Programa Mundial de Alimentação (PMA) faz-se sentir em Cabo Delgado. Até agora, o PMA tem feito um trabalho extraordinário, levando ajuda humanitária a áreas que necessitam de apoio urgente, alcançando um resultado excepcional, sem registo de morte por fome entre os deslocados. No entanto, o fim da ajuda coloca em risco mais de 850.000 deslocados, tendo em conta que o número aumentou em oito mil novos deslocados na sequência dos últimos ataques”, refere o Bispo.

 

O prelado considera errada a estratégia usada até agora na resolução dos conflitos, que consiste apenas em abordá-la sob o ponto de vista militar.

 

“É importante oferecer horizontes aos jovens, potenciais alvos do recrutamento dos terroristas. É fundamental criar empregos, eliminar a pobreza e dar oportunidades. Devemos evitar que as pessoas se percam, criando esperança. Uma resposta exclusivamente militar pode eliminar dois, três ou quatro terroristas, mas não impedirá novos recrutamentos”, disse.

 

Segundo o Bispo, é necessário um grande trabalho de prevenção e integração das forças vivas, nomeadamente, os líderes religiosos e locais. “O governo deve adoptar uma abordagem mais voltada para o futuro e falar com os líderes muçulmanos e católicos”.

 

Sandramo salienta que o problema alimentar não é o único que deve ser abordado. Apontou que existem dificuldades de reassentamento e problemas psicológicos. “A violência levou ao fechamento de muitas escolas e centros de saúde. Nos centros de acolhimento para deslocados, as escolas preparadas para receber 1.000 crianças devem estar a receber agora 3.000. E muitas crianças nem sequer têm motivação para ir à escola. Os mais novos são privados de um futuro”, concluiu o Bispo. (Marta Afonso)

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