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segunda-feira, 15 agosto 2022 15:20

Mo Farah, Alberto Lário e o Fundo de Promoção Desportiva, comenta Marcelo Mosse

amelia albertover2 min

O jornalista Armindo Chavana, de créditos longamente firmados, entrou na barricada dos que se opuseram aos trabalhos do treinador de atletismo Alberto Lário em Moçambique. Ele escreveu uma crônica no jornal “Redactor”, tentando chamar a atenção da Acção Social sobre o tratamento que Lário dispensava aos seus atletas. O artigo de Chavana foi publicado há duas semanas. Pode ser lido aqui: Mo Farah moçambicano, por ARMINDO CHAVANA (redactormz.com)

 

Chavana não recuperou o debate sobre o estatuto migratório de Lário em Moçambique. Ele foi por outro diapasão. Tentou trazer à colação o escrutínio pelo Estado do trabalho de alguém que recrutava jovens talentosos nas províncias e, em acordo com seus pais, os trazia a Maputo, onde eram submetidos a treinamento de alto rendimento.

 

Chavana tentou fazer paralelo com a história de Mo Farah, o consagrado fundista britânico de origem somali, levado à força para a Inglaterra onde foi submetido à cenas de “escravidão”. O paralelo traçado estava claro: os atletas de Lário podiam estar a ser submetidos a maus tratos e a Acção Social devia intervir.

 

O que Chavana trouxe na verdade foi mais uma bifurcação da discussão (depois do pretexto do estatuto migratório de Lário) sobre a utilização perversa do Parque dos Continuadores, ignorando o essencial: a utilização perversa do Parque, nomeadamente para fins não desportivos, e sob a autorização tácita do Fundo de Promoção Desportiva (FPD).

 

Ao questionar o arrendamento do Parque para fins distintos da sua vocação, Lário questionava a competência dos gestores do FPD. E, quem é a Directora do FPD? Amélia Cabral...esposa de Armindo Chavana.

 

No seu artigo, Chavana devia ter feito uma declaração de interesses, mencionando o seu casamento com a Directora do FPD. Não o fazendo, seu texto perdeu substância e serviu para escamotear a questão principal: o papel do FPD na gestão do património desportivo.

 

Esta é a questão central, que ninguém quer discutir. O FPD transformou-se num bicho sem ideias. Porquê?

 

Para além da má utilização do Parque dos Continuadores, o FPD não tem ideias e não faz nada para rentabilizar Estádio Nacional do Zimpeto. A discussão sobre a degradação do relvado, deixando de lado toda a problemática da ineficiência de gestão.

 

As necessidades de manutenção do Estádio Nacional do Zimpeto nos anos de 2012 e 2013 eram de cerca de 54 milhões e o Fundo recebeu do Orçamento do Estado 0,00 MT (Zero MT). Neste momento, seriam necessários cerca de 120 milhões de MT apenas para a manutenção do Estado. Mas como as Finanças orçamenta amendoins, o ENZ apresenta aquela imagem de um monstro abandonado.

 

Mas o ENZ podia ser rentável sem estar a espera de fundos do Estado, nomeadamente através de fontes de receitas próprias: i) arrendamento para eventos desportivos e socioculturais; ii) arrendamento de espaços comercializáveis (gasolineira, escritórios, IMED, escola de Jornalismo e Autoridade Tributária).

 

Por outro lado, os espaços nobres ocupados pelo INADE, Sede das Federações e IMEDE poderiam render por ano cerca de 9 milhões de MT; o ginásio, que gerava 107 mil MT/mês foi desactivado, assim como o “Lounge” e discoteca que funcionava nas piscinas.

 

O Fundo não poder viver na mama do Orçamento do Estado. Deve ser criativo para gerar e reproduzir rendas visando também na manutenção do parque desportivo. Mas o FPD não faz nada, não pensa nem discute ideias sobre como gerar receitas usando o cada mais insignificante parque desportivo do Estado.

 

O debate que deveria ter sido feito, quando o caso Lário foi despoletado, está ainda por ser feito. O assunto migratório e o assunto da Acção Social (trazido por Chavana) foram claramente uma artimanha para se escamotear o debate o papel do FPD. Agora que Lário foi embora, podemos debater? Ou tem medo do Partido? E do SISE?

 

MM

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