Seis Associações de Atletismo da cidade e províncias de Maputo, Manica, Tete, Gaza e Cabo Delgado, solicitaram na semana finda, em carta dirigida à Mesa da Assembleia Geral, a demissão com efeitos imediatos da actual direcção da Federação Moçambicana de Atletismo, encabeçada do Kamal Bradu, uma figura muito próximo no anterior Presidente, o empresário Shafee Sidat.
Na carta, os seis proponentes entendem que Kamal Badrú é o responsável pelo mau ambiente que se vive actualmente no seio da família do atletismo. Por outro lado, as seis associações acusam Badrú de não estar a cumprir as suas promessas eleitorais.
O documento refere ainda que as seis associações solicitam igualmente a criação de uma Comissão de Gestão para acautelar o funcionamento da Federação Moçambicana de Atletismo e o estabelecimento no prazo de 90 dias, da realização de eleições para eleger o homem que vai dirigir os destinos do atletismo nacional.
O pedido de demissão de Kama Bradu é uma consequência directa do vexame a que o treinador de atletismo Alberto Lario foi submetido por entidades oficiais moçambicanas, depois dele ter-se indignado contra a utilização do Parque dos Continuadores para espectáculos em detrimento do atletismo, vocação principal daquela infra-estrutura desportiva.
Depois da sua indignação, Lário foi detido por permanência ilegal em Moçambique, contraiu Covid 19 durante a detenção, ficou hospitalizado, pagou uma multa por "imigração ilegal" e abandonou o pais da semana passada. Durante sua permanência de poucos anos em Moçambique, Lário descobriu e treinou jovens talentosos moçambicanos com enorme margem de progressão no plano internacional. Na ressaca da saga persecutória de que foi vítima, Lário deixou claro que um dos responsáveis imediatos pelo seu calvário foi Kamal Badrú.
“Carta” teve ontem uma breve conversa com Badrú. Ele disse que já não há muito que falar sobre a gestão das infra-estruturas do Parque dos Continuadores. "Todo o mal-entendido que houve sobre a não realização do campeonato de atletismo da cidade no parque foi mesmo por culpa da Associação do Atletismo da cidade, que agendou um campeonato sem submeter uma carta ao Fundo de Promoção Desportiva que actualmente é quem gere o Parque", explicou.
"Entretanto, não havendo um aviso prévio e falta de um documento sobre a realização do campeonato, o Fundo teve de ceder o Parque para a realização do espectáculo que já tinha sido agendado antes, mas neste momento tudo foi ultrapassado porque tanto a Federação, o Fundo e a Associação já tiveram uma reunião e todo este mal-entendido foi ultrapassado e decidiu-se que das próximas vezes a Associação deve submeter uma carta quando quiser realizar campeonatos no Parque", disse Badrú.
De acordo com Badrú, a Associação foi aconselhada a realizar o campeonato na pista do Zimpeto, mas isso não foi possível porque a mesma não está em condições e o evento foi adiado porque não havia outras alternativas.
Ele garante que a polémica sobre a gestão do Parque já foi ultrapassada e tanto o Fundo como a Federação têm boas relações.(Marta Afonso)