Discursando nesta segunda-feira em Maputo, na abertura da 3ª Sessão Ordinária do Conselho Nacional da Renamo, Ossufo Momade, presidente do maior partido da oposição, aproveitou a ocasião para voltar a abordar o “problema” de alguns membros usarem a imprensa, redes sociais e outros meios para mandar recados ou emitir suas opiniões contra a liderança daquela organização política.
Destes, o destaque vai para Manuel de Araújo, membro da Comissão Política e presidente do Conselho Municipal da Cidade de Quelimane, capital provincial da Zambézia, eleito pela lista da Renamo à gestão daquela autarquia.
Araújo, que vinha tecendo críticas ao seu partido nos últimos tempos, viu Ossufo Momade também chamar-lhe à razão, tal como já os tinham feito José Manteigas, porta-voz do partido, e António Muchanga, deputado da Assembleia da República.
“Como temos vindo a apelar, devemo-nos abster de expor opiniões sobre o nosso partido nos jornais, nas rádios, televisões ou redes sociais, porque isso não engrandece este partido que todos nós amamos”, disse Ossufo Momade, na sua introdução.
“O que não achamos ser razoável, aceitável e justificante é um membro ignorar todos os órgãos do partido e usar os meios de comunicação social para tentar fazer valer as suas pretensas opiniões. Lutamos e defendemos a liberdade de expressão, mas não compactuamos com a libertinagem e a anarquia. Por conseguinte, o nosso comportamento deve transmitir união e fraternidade entre nós, daí que nos devemos preparar para os desafios de 2023 e 2024 (…)”, defendeu o líder do maior partido da oposição.
As críticas foram ouvidas por Manuel de Araújo, que também é membro do Conselho Nacional da Renamo, um órgão deliberativo no intervalo entre os congressos. Em entrevista à Lusa, o autarca assegurou que mantém “relações excelentes e intactas” com a direção.
“As relações são ótimas, são excelentes e estão intactas”, disse Manuel de Araújo, comparando o seu vínculo com a Renamo a uma relação de “amor”, que não pode ser destruída por “um terceiro”. “Há pessoas, provavelmente, que não se sentem confortáveis com a nossa presença [no partido] e que gostariam de forjar uma tentativa de divórcio, mas quando duas pessoas se amam, não é um terceiro que há-de vir criar divórcio”, enfatizou.
Segundo a Lusa, Manuel de Araújo disse ter havido uma “precipitação” que levou a um mal-entendido com a direção do partido, assinalando que esse desentendimento está esclarecido. Manifestou ainda o desejo de concorrer a mais um mandato na autarquia de Quelimane, alegando que a crise provocada pela covid-19 impediu ações visando “tirar” a cidade do “buraco em que se encontra”. (Omardine Omar e Redacção)