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sexta-feira, 01 abril 2022 03:43

José Monjane, o “caixa negra” que pode enterrar Helena Taipo

As revelações “bombásticas” feitas na última terça-feira pelo arguido José Monjane, antigo Chefe da Repartição de Finanças da Direcção do Trabalho Migratório, demonstraram como foi “comido” o dinheiro dos mineiros por altos dirigentes do Ministério do Trabalho entre 2010 e 2014.

 

Durante a sua audição, revelou, por exemplo, que em 2014 a empresa Dona Tina Arte, detida em 100% pela esposa do réu Pedro Taimo, é que forneceu as cortinas e mobiliário para o escritório do Gabinete do Mineiro. Os bens, disse, custaram 3.700.000,00 Meticais.

 

Outra empresa, denominada Mulher Investimentos, terá recebido mais de 500 mil Meticais pagos pela Direcção de Trabalho Migratório para a aquisição de material de construção, nomeadamente, areia, pedra, cimento, redes, arame e estacas.

 

O arguido tratou também de clarificar algumas zonas de penumbra, deixadas pelo arguido Alfredo Lucas. Disse, por exemplo, que a relação entre a Direcção de Trabalho Migratório e a Indomobil era feita através da Mulher Investimentos. Trata-se de uma versão que contraria a contada por Alfredo Lucas, que garantiu que a empresa da esposa é que fornecia insumos para produção de pintos.

 

O “caixa negra” disse ainda que era um dos assinantes para o levantamento de dinheiro que era usado para efectuar pagamentos de salários diferidos aos mineiros, tendo na altura levantado dois cheques de três milhões de Meticais cada. Também terá levantado, na altura, cerca de 1.8 milhão de Meticais e 2.213 milhões de Meticais na mesma conta.

 

Sobre os cabazes, avaliados em cerca de 850 mil Meticais, revelou que foram autorizados por Maria Helena Taipo, tendo feito dois pagamentos: um de 200 mil Meticais e outro de 650 mil Meticais. Aliás, esclareceu que Maria Helena Taipo e a Directora da Direcção de Trabalho Migratório, Anastácia Zitha, tinham poderes para autorizar transacções na conta referente aos pagamentos diferidos. No entanto, sabe-se que o Secretário Permanente é o responsável pela administração do Ministério.

 

O “garganta funda” revelou, após o caso ser despoletado, que diversos documentos sumiram da Direcção do Trabalho Migratório, tendo havido uma requalificação dos mesmos.

 

Refira-se que 113 milhões de USD sumiram das contas da Direcção de Trabalho Migratório, sendo que grande parte do valor foi entregue a empresas que não executaram qualquer obra para aquela unidade orgânica do Ministério do Trabalho. (Omardine Omar)

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