Vários “websites” de entidades governamentais voltaram a cair fora da rede na manhã de hoje. Os piratas informáticos do Iêmen já reivindicaram a autoria do novo ataque informático, poucas horas depois de o Governo, através do Director do Instituto Nacional do Governo Electrónico (INAGE), Ermínio Jasse, ter minimizado o ataque do dia anterior.
Um dos “websites” de grande utilidade pública é o do INATRO, a entidade que emite cartas de condução em Moçambique. Nesta manhã, os "hackers" entraram na plataforma da INATRO (ainda com o nome INATER), modificaram parte do conteúdo e colocaram seus símbolos, incluindo uma mensagem com chantagem. Eis a mensagem, em português:
“Hackeado por Hiemen Hackers
[!] Olá, estamos de volta. Avisamos o governo que está completamente infiltrado, incluindo 34 Ministérios do seu governo. Se a quantia de 20.000 mil dólares não for transferida em Bitcoin, dados confidenciais serão vazados, incluindo o Ministério da Defesa e todas as informações dos oficiais e os e-mails secretos. O limite de tempo é de 24 horas...... Número de carteira Bitcoin: {{3FeFeloLRiGhXmvwW6UYowWEt8PZjCab8W}} [!] Gz-:[!] Y.C.A”.
A quantia de resgate está confusa. É provável que os “hackers” tenham querido escrever 20 milhões de USD (e é improvável que piratas deste calibre exijam de chantagem apenas 20 mil USD). O site do INATRO mantinha-se "off line" até cerca das 14 horas, assim como o do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), também vítima da pirataria.
Ontem, o Erminio Jasse foi solícito em minimizar o ataque e disse que o Governo constituiu uma equipa de técnicos informáticos, que tratou de recuperar a página com segurança. Os “hackers” atacaram apenas um servidor e não roubaram quaisquer dados pessoais, garantia Jasse.
Os terroristas deram hoje a resposta, revelando que a amplitude dos ataques tinha sido subestimada e que uma rápida solução não iria resolver o problema.
Ermínio Jasse destacou ontem o facto de nenhuma informação ter sido roubada. Um especialista em tecnologia de informação comentou que isso era o mais óbvio, tanto mais que, “os ‘websites’ atacados são de acesso público, por conseguinte, não existe informação confidencial a ser protegida. Este ataque era para passar uma mensagem associada ao Estado Islâmico. Colocar mais de 30 websites moçambicanos com imagens associadas ao Estado Islâmico é um ataque bem sucedido, infelizmente”, comentou a fonte.
Há também quem considere que o Governo tenha cantado vitória muito cedo: “este tipo de ataques deixam marcas; os ´’hacker’ plantam pequenos programas (scripts) nos servidores atacados, que a qualquer momento podem condicionar o funcionamento dos sistemas. Enquanto não se fizer uma operação de vulto, estes ‘websites’ não voltaram a estar operacionais tão cedo”.
Com parte dos seus websites fora da rede, é esperado que o Governo volte a dar um ponto de situação, hoje. Os piratas passaram a mensagem de que a bola está do seu lado e querem uma resposta urgente quanto ao seu ultimato (M.M.)