“Por ocasião do 25 de Junho de 2024, data em que celebramos 49 anos de independência nacional, através do Decreto Presidencial, o Presidente da República distinguiu 1.093 cidadãos, com Medalha Veterano de Luta Armada de Libertação de Moçambique, Artes e Cultura e Ordem 25 de Junho de 2º grau. Nada contra, no entanto, penso que é imperioso distinguir outras camadas sociais, que não estão cobertas pela Luta de Libertação de Moçambique. São 49 anos que passaram e agradecemos pela libertação, continuarão a nos inspirar, mas devemos olhar para aqueles que hoje, nas escolas, hospitais, na administração pública, nas empresas e mesmo os donos das empresas, que contribuem para o engrandecimento de Moçambique, devem merecer distinção. Essas pessoas devem inspirar os mais novos e a distinção dessas figuras poderá trazer, na minha opinião, o nacionalismo que queremos na Juventude, o patriotismo que parece desfalecer.”
“O Nacionalismo é uma ideologia política, uma corrente de pensamento, que valoriza todas as características de uma Nação. Uma das formas pelas quais o nacionalismo se expressa é por meio do patriotismo, que envolve a utilização símbolos nacionais, a bandeira, o hino nacional, etc. Patriotismo é o sentimento de orgulho, amor e devoção à Pátria, aos seus símbolos e ao seu povo. É a razão do amor dos que querem servir o seu País e ser solidário com os seus compatriotas”.
In Google
“Alguns colegas me olhavam como se eu fosse um animal, ninguém me dava uma palavra, os professores pareciam que não estavam nem aí para mim, nem tiravam minhas dúvidas, mas eu me dediquei tanto que depois eles começaram a me procurar para lhes dar explicações e esclarecer suas perguntas”.
In: George Mclauren, primeiro negro na Universidade de Oklahoma em 1948
Hoje, quando queremos falar da independência de Moçambique e o sacrifício que alguns tiveram que fazer para libertar, não são poucos os jovens que não entendem isso. Alguns estudiosos dizem haver em África países que foram colonizados e que tiveram a sua independência sem precisarem da Luta de Libertação, porque o colonizador decidiu dar a independência. São casos de países colonizados pela Inglaterra, França e Itália, mas sabemos, hoje, o quanto custou a alguns países essa independência. É o caso de Burkina Faso, onde as empresas francesas domiciliadas naquele País pagavam seus impostos na França.
No caso de Portugal, as Nações Unidas tiveram que intervir sem sucesso. Na década sessenta, iniciam as guerras de libertação, em quase todas as suas colónias. Ainda assim, Portugal resistiu e não vergou, mantendo a sua mão de ferro na colonização, até que, em Abril de 1974, os capitães portugueses protagonizam a Revolução, que viria a depor o Governo do dia e, por via do novo Governo, iniciam as conversações para a independência das colónias. Devo frisar que as conversações com o Governo Português, resultante da Revolução de Abril, aconteceram numa altura em que muita gente tinha morrido, quer através de massacres, de confrontos e nas prisões do regime.
Isto aconteceu com o exemplo que trago, ao citar George Mclaurin que, em 1948, foi o primeiro negro a ser admitido na Universidade de Oklahoma, sendo que o tratamento a que foi sujeito pode considerar-se uma pequena amostra em relação aos países colonizados. Infelizmente, as nossas escolas deixaram de dar estas lições que, na minha opinião, não precisam ser curriculares. Trata-se de preparação do homem/mulher para a vida em sociedade. As consequências disso, na minha opinião, são visíveis, muitos jovens não têm noção sobre como os moçambicanos ganharam a bandeira e tiveram direito à nacionalidade e Bilhete de Identidade. Para muitos jovens, a nossa liberdade resulta de boa vontade do colonizador.
Quando os políticos falam e dizem que, em 1974, havia uma única Universidade em Moçambique, muitos pensam que é pura política. Hoje, Moçambique tem 23 instituições do ensino superior, sendo 11 do ensino público e 12 do ensino privado e o número de estudantes ascende a 28.000. Temos a classe docente de 1.389 a tempo inteiro em todas as instituições, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Mas para a nossa desgraça colectiva, são parte destes 28.000 que difundem a ideia de que o País está parado e nada se faz.
Mas é preciso reconhecer que a não valorização das conquistas da nossa independência nacional começa em nós adultos, que não difundimos a nossa história colectiva, se não as conquistas pessoais que, muitas vezes, resultam de locupletamento indevido. É mais fácil exibir-se bens materiais do que exibir-se valores de honestidade, valores de trabalho árduo de solidariedade e de sacrifício pelo bem comum. Hoje, 49 anos depois da nossa independência nacional, quando queremos fazer referência do bem, fazemos recurso à Luta Armada de Libertação nacional, ou seja, depois da nossa independência nacional, não fizemos nada em que nos orgulharmos que seja aglutinador.
Depois da proclamação da nossa independência nacional, seguiram-se guerras fratricidas, com destaque à guerra dos 16 anos, a que denominamos a guerra pela Democracia e até temos um feriado a consagrar o seu fim, 04 de Outubro. Mas nessa data não se vê nada de especial, em termos de educação cívica, em termos de consciencialização dos jovens para a data. Vimos, isso sim, barracas abarrotadas de gente que pernoita lá, gente que, apesar de alguma escolaridade, se perguntares a razão da data, pura e simplesmente, diz disparates. Essa é a nossa realidade hoje.
Hoje, 2024, 49 anos depois da independência nacional, parece-me que o patriotismo é uma palavra oca e sem sentido para muitos, com excepção para os raros momentos em que a nossa seleção de futebol masculino entra em jogo e ganha. Aí sim, vemos a bandeira nacional a flutuar nos “chapas”, nas motas e bicicletas. Parece o único momento que nos une.
Precisamos de mudar este cenário. É importante que mulheres e homens moçambicanos tenham algo que os una, algo que torne as suas vidas conectadas com as vidas de outros moçambicanos, independentemente de onde quer que esteja. É importante que haja um plano comum de desenvolvimento, onde todos nos sentimos parte. Para além dos jovens nacionalistas do 25 de Setembro, precisamos de outros jovens nacionalistas, jovens que falam de desenvolvimento sem tabus e que não tenham medo de ofender quem quer que seja. Precisamos dos heróis de hoje.
Se repararam, no dia 25 de Junho de 2024, foram condecorados cidadãos pelo Chefe do Estado, mas quem são esses cidadãos? Claro que são os libertadores da pátria. 49 anos depois, não há gente para condecorar, as condecorações giram em torno do mesmo grupo social? Algo deve mudar e urge que mude.
Adelino Buque
(a propósito da conferência de imprensa do presidente da FMF)
Na senda da conferência de imprensa do presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) ocorrida no passado dia 19 de Junho de 2024 alguém mandou para a minha caixa esta notícia https://lance.co.mz/artigo/chiquinho-conde_-amarra-se-o-burro-a-vontade-do-dono-e-quem-dita-as-regras-sou-eu_ que reporta uma entrevista concedida pelo actual seleccionador nacional de futebol, vulgo “Mambas”, ao canal desportivo da Rádio Moçambique, em meados do ano passado (2023).
Na citada entrevista foram abordados assuntos correntes da altura como a renovação do contracto do seleccionador, que findaria a 31 de Julho de 2023; a presença dos “Mambas” na Taça COSAFA; e ainda a polémica sobre a não convocatória de Zainadine Júnior e Lau King para a jornada frente ao Ruanda. Da notícia, e cruzando-a com a conferência de imprensa, ressaltou-me um ponto de convergência entre o presidente da FMF e o seleccionador nacional que exponho-o mais abaixo.
O seleccionador, debruçando na entrevista sobre a não convocatória de Zainadine Júnior, afirmou que diz sempre aos seus jogadores, e cito: “…para não se esquecerem que eu sou o treinador e quem dita quem toma as decisões relacionadas com a parte técnica e táctica sou eu. Há um velho ditado alentejano que diz assim: amarra-se o burro à vontade do dono. Isto para dizer que enquanto estiver na selecção as regras vão ser estabelecidas por mim, o jogador tem espaço para opinar dentro das balizas, mas com limites. Eu decido em conformidade, o individual nunca pode sobrepor ao colectivo”. Fim da citação.
Nestes termos, e decorrente das entrelinhas da fala do presidente da FMF na conferência de imprensa, depreende-se o tal ponto de convergência entre o presidente da FMF e o seleccionador nacional: ambos partilham o mesmo princípio de gestão, ancorado no ditado alentejano que diz “Amarra-se o burro à vontade do dono”. Em outras palavras: que se deve obedecer ou fazer as coisas conforme as regras do chefe/patrão. O emblemático “Patrão é Patrão” do cantor MC Roger.
Tem sido assunto candente nos últimos dias, a avalanche crítica por parte de um segmento dos fazedores de difusores de opinião, o facto de alguns membros de organizações da sociedade civil figurarem nas listas de candidatos a deputados a Assembleia da República para a próxima legislatura.
Entre argumentos e contra-argumentos, vai se sedimentando uma tentativa de elitização da participação na política activa, uma posição e um espírito pouco dialogante e pouco tolerante por parte da ala castrense de fazedores da política de estômago. Na verdade, a luta para desacreditar as Organizações da Sociedade Civil em Moçambique não é de hoje. Há uma luta titânica para se provar que elas são organizações que defendem interesses externos e agendas ocultas.
As narrativas depreciadoras contra as organizações da sociedade civil, não são novas no país e são um fenómeno que tende a solidificar-se e a dominar certos debates de (des) informação. Elas consubstanciam-se na sua forma mais crua de fechamento do espaço cívico e de todas as liberdades a ele inerentes - (liberdade de associação, de expressão, de movimento, de imprensa, de religião, etc). Subentendo eu, que é um lugar propício para o florescimento de uma nova aurora social, política e intelectual fecunda. Fechar o espaço cívico é asfixiar e amputar o direito de sermos nós mesmos e realizar nossos desígnios enquanto cidadãos emprestados à polis.
Quando escolhas e opções político-partidárias diferentes tornam-se alvo de repúdio e combate, a nossa civilização decresce degraus qualitativos. O pensar diferente do ordinário e do comumente aceite, não deve ser visto como ultraje a ordem instituída, mas sim como mais um ingrediente para a evolução da interação humana dentro de um quadro social e político.
Tivemos num passado recente, alguns académicos e comentadores/ analistas políticos que decidiram emprestar seus conhecimentos à política activa, apresentando-se com cores e ideias de outros partidos e agremiações políticas, tentando dar seu contributo ao debate de ideias em prol de um Moçambique mais heterogéneo e pluralista. E se não constituiu problema o facto de académicos terem enveredado pelos pergaminhos da política, não deveria sê-lo agora; pelo menos não na dimensão que se pretende dar ao fenómeno que está ecoar a onda de activistas que decidiram emprestar seu saber e seu conhecimento a política activa.
Socorro-me da definição clássica de Aristóteles, segundo a qual o Homem é, por natureza, um animal político e social. Político porque vive inserido na polis e faz parte dos processos de discussão e tomada de decisão – passa de simples indivíduo e torna-se um cidadão, por inerência a vida dentro da polis. Social porque uma vez inserido numa sociedade, ele desenvolve laços naturais de socialiabilidade que por seu turno também a impingem a se distanciar da mesma. Mais tarde, esta dinâmica é mais desenvolvida e explicada por Immanuel Kant com a sua ideia de Insociável Sociabilidade - conceito que descreve a tensão entre o indivíduo e a sociedade. Por um lado, os seres humanos têm uma inclinação natural para a cooperação e a vida em comunidade. Por outro lado, também possuem características egoístas e competitivas. Essa tensão entre o desejo de se unir e a necessidade de se proteger cria um ambiente propício para o desenvolvimento cultural, tecnológico e social.
Com isto, quero deixar o meu entendimento e o meu contributo em torno do espaço político activo. Não nos enganemos nem tentemos equivocar-nos que o exercício político activo é apanágio de alguns, supostamente mais experimentados, capacitados e dotados. Tampouco, deixemos de sonhar a ideia de termos um debate político aberto, vibrante e profícuo, nem uma Assembleia da República mais pluralista, de discussão de ideias progressistas, e não apenas um lugar para apupos, assobios e palmas.
O espaço político pertence a todos nós sem excepção; abarca o activismo social e o exercício político activo; Ele existe em si, e é alimentado por indivíduos que se doam apaixonada ou desapaixonadamente, interessada ou desinteressadamente, e perseguem um ideal comum ou individual; uns por egoísmo e outros por altruísmo. É uma conquista secular para a humanidade e relativamente nova para nós enquanto país; deve ser cultivada, respeitada e preservada por todos e por cada um de nós.
Se académicos, podem emprestar-se a política e colocarem sua ciência a serviço da sociedade, entendo eu, que outros actores que possam agregar valor ao debate, a discussão e a construção de um Moçambique próspero e inclusivo sejam igualmente bem-vindos.
A política não pode nem deve ser elitista.
Disse!!!
Por: Hélio Guiliche
“Convocar uma Conferência de imprensa para anunciar que o Presidente da FMF paga o salário acima do salário do Presidente da República e seus Ministros é muita falta de respeito. Respeito que exige de outros! Chamar a imprensa para dizer que os jovens militares que defendem a pátria no norte de Moçambique são mal compensados, passou dos limites do aceitável.
Se a FIFA é que manda no Futebol em Moçambique e por isso as autoridades nacionais estão de “mãos atadas”, então porque se criam instituições moribundas como a Secretaria do Estado da Juventude e Desporto? Alguém se lembra de algo útil realizado por esta instituição? Por favor senhor Presidente da República, extingue essa secretaria por inoperância.”
AB
Existe a narrativa recorrente de que o estado não deve interferir nos assuntos de Futebol, sob pena de a Federação ser penalizada e não obter apoios da FIFA e muito menos participar das actividades organizadas por este órgão. Mas tudo isso é falácia, a FIFA – Federação Internacional de Futebol tem funções e atribuições específicas e, mais do que isso, a pessoa ou pessoas a ela associadas não podem estar acima do Estado, como parece acontecer em solo pátrio. Vejamos abaixo e de forma resumida, as funções da FIFA.
“Para além de promover competições entre os países, a FIFA tem diversas atribuições relacionadas ao futebol a nível internacional. A entidade é responsável por supervisionar as diversas associações, federações e confederações de futebol ao redor do mundo”, fim da citação.
As autoridades moçambicanas, muito em concreto a Secretaria do Estado da Juventude e Desporto, devem rever o seu papel no desenvolvimento do Desporto em Moçambique. Na minha opinião, se não pode intervir para casos tão periclitantes, como o que se vive hoje no País? Então, em que circunstâncias deverá intervir e qual é a utilidade dessa instituição? Serve para acomodar determinadas pessoas ou é mesmo para a regulação Desportiva? É que, se as instituições internacionais são as reguladoras internas das actividades desportivas, então, não vale a pena criar instituições que só irão gastar os parcos recursos existentes.
Por outro lado, é importante que haja regras para se dirigir determinados sectores no País. Este país é dos moçambicanos e não da FIFA. Ela pode ajudar-nos, já que em tudo precisamos de ajuda, mas a última decisão deve ser nossa. Mais do que isso, é preciso rever os estatutos da Federação Moçambicana de Futebol, o Futebol não pode continuar a ser dirigido por 11 Associações neste País, facilmente corrompíveis a troco do nada. Lembro-me que a polémica no futebol não é de hoje, no entanto, as pessoas renovam mandatos. O que isso significa?
No conceito, a Federação Moçambicana de Futebol é uma entidade colectiva e a FMF não é propriedade do seu presidente. É irritante que os restantes membros da FMF passem a vida no silêncio, como se fossem múmias. Se não querem viver os problemas do futebol, demitam-se por favor ou vocês são “empregados” do Presidente, ele vos paga quantos salários mínimos mensais?
Vejam as cinco regras de ouro para o Futebol e outras modalidades colectivas, estará o atual elenco Federativo em condições de cumprir com isto?
“1- Evite estrelismo
Evite direccionar os holofotes apenas para alguns. Na hora decisiva, você precisará contar com o esforço máximo de todos. Apenas um não ganhará o campeonato.
2- Reconheça e valorize cada esforço
Existem várias formas de motivar a sua equipe. Claro que um aumento no salário é sempre bem-vindo, mas já experimentou valorizar o seu pessoal? O reconhecimento tem um poder mágico, faz o profissional sentir-se vivo e, principalmente, parte integrante do projecto, sabendo que seu trabalho está sendo visto.
3- Ouça a todos
Um dos grandes trunfos de um líder é saber ouvir. Isso não quer dizer que a ideia ou opinião de todos será acatada e implantada, mas trará várias boas ideias que, juntas, se podem transformar em excelentes resultados.
4- Una conhecimento técnico e conhecimento prático
Não adianta ter a teoria, mas não saber como executá-la na prática. Unir o conhecimento teórico com o conhecimento prático é um dos grandes segredos para sua empresa se destacar e o seu projecto ter sucesso.
5- Comemore os resultados
Sabemos que uma das melhores formas de motivar as pessoas é através do reconhecimento. Sendo assim, comemorar os resultados é uma regra valiosa. Quando seu colaborador percebe que seu esforço valeu a pena e que isso foi reconhecido, tende a repetir o feito em outros projectos.
As pessoas são assim, precisam de ser estimuladas. Agora, imagine se você focar apenas no jogador principal, reconhecer, premiar, dar festas e viagens de prémio apenas para o principal. Como ficarão os outros? Lembre-se: o talento vence jogos, mas só o trabalho em equipa ganha campeonatos.”
In: Sandro Libardoni é palestrante e consultor especialista em motivação humana, analista comportamental e Coach.
Definitivamente, a conferência de imprensa convocada pela FMF, em que o seu Presidente falou e insultou a tudo e todos, inclusive falou da Guerra em Cabo-Delgado, mostra a pertinência de intervenção do Estado no Desporto nacional ou então teremos de concluir que são todos empregados do Presidente e recebem, eventualmente, mais que o Presidente da República e seus ministros. Chega!
Adelino Buque
Pode ser que a espada anunciada já esteja a operar, é verdade. Estamos a ser conduzidos por demónios nos nossos caminhos tornados íngremes e ninguém percebe os sinais. No princípio era o bairro Chalambe o ponto principal da esbórnia dos desgraçados, aqueles que não terão onde ir, nem a quem chorar. Aqui paira vivamente, de dia e de noite e nas madrugadas, o cheiro catalizador da cannabis e o despudor. Ninguém se assusta com isso, nem com os homens rebentados pelo álcool.
Já o dissemos várias vezes mas não nos cansamos de repetir. Hoje, Chalambe não é mais o único lugar da gravitação das grutas, há outros pontos nos bairros onde se bebe aguardente de cana-de-açúcucar ou jambalau e ainda a sura, com mulheres jovens destacando-se na linha da frente, sem preconceitos. Bebem e fumam tudo, desde o cigarro normal até à “cosa nostra”, e já ninguém vê problema nesse gesto que vai se tornando hábito. Um vício mortal.
Não precisa que seja noite, as raparigas e também mulheres maduras, podem ser encontradas nesses esconderijos imundos a consumir tais coisas sem olharem para trás. Outras ainda, fogem temporariamente das suas bancas no mercado e vão beber um trago como forma de afugentarem a dor do tédio criado por um negócio que não anda. Já se descomplexaram, e no seu desespero jamais vão se importar com o que a sociedade fala sobre ela. Aliás, a sociedade tem outras preocupações: o dinheiro que não existe e, consequentemente, o pão que não chega à mesa.
Não precisamos mecionar o nome dos bairros onde em cada esquina há uma toca onde se vende thonthonto (aguardente de cana ou jambalau) e sura, existem em todo o lado, e em algumas delas tem lá mulheres bebendo e fumando, e as conversas que se ouvem não têm futuro. Nem passado. Muitas delas mostram-se com sinais de desitração, facilmente notável por via do rosto. Tumefacto.
Mas de onde é que vem este fenómeno novo, de mulheres jovens e maduras na cidade de Inhambane bebendo cachaça e essas porcarias industrializadas que levam nomes inconsebíveis nos rótulos, como por exemplo “Dinamite”? Se calhar a sociedade está atrasada numa pergunta que não vai fazer sentido, pois se estas jovens estão muito perto do abismo, então todos nós estamos lá. No fundo.
Ninguém as repreende, nunca foram. Jamais tiveram alguém para o fazer, ou seja, os pais quando descobrirem a fossa em que suas filhas se meteram, poderá ser tarde demais para qualquer reparação. O tempo que as move funciona como o relógio da morte, cujas horas correm com tontura em direcção à fornalha do diabo, onde já estão a ser queimadas na ilusão do prazer. Mas a cachaça e o fumo de todos os tipos que consomem e libertam no vazio, é apenas para desfarçar a dor. Elas estão no inferno e não conseguem fugir dalí. E se elas não conseguem fugir, nós também estaremos com elas.
Os últimos anos de Governação, tem sido marcado por um conjunto de desafios de natureza Económica, Política e Social, que geraram um conjunto de impactos negativos na reputação do Governo de Moçambique a nível interno e externo e na relação com seus principais stackholders institucionais.
Os sucessos alcançados por Moçambique no período entre 2004 e 2014, no que diz respeito a consolidação Paz e do crescimento económico, derivados essencialmente pela descoberta e exploração de recursos minerais, colocaram o País no mapa internacional, como um caso de sucesso.
Nos últimos anos, um conjunto de temas, relacionados com os danos causados pelas inundações, secas, as Dividas Ocultas, a tensão político militar no teatro operacional norte, o TSU, a greve dos médicos, dos profissionais de saúde, os raptos e outros assuntos, tem gerado sucessivas crises na Governação, criando danos a imagem e reputação do Governo de Moçambique, tanto ao nível interno, como a nível externo.
Apesar dos esforços do Governo, para manter processos de comunicação com os seus stackholders, identificamos áreas específicas com oportunidades significativas para avanço, onde, o Governo de Moçambique pode melhorar as suas capacidades de comunicação.
É meu entender que as sucessivas crises governamentais e as dificuldades que o Governo tem encontrado para contar a sua narrativa e mitigar o impacto das crises sobre a sua reputação, destacam a necessidade de uma reflexão profunda sobre o papel e a contribuição da comunicação no sucesso da governação.
O actual modelo de comunicação do Governo, com foco na informação, nos órgãos de informação, e em modelos unidirecionais de comunicação, não mais atende as actuais necessidades de comunicação do Governo e de seus principais stackholders.
O cenário actual é caracterizado por uma multiplicidade de públicos, que apresentam características novas e distintas, que demandam informação sobre as actividades do governo e sobre os quais a sua acção governativa pode gerar impactos sociais, económicos e tecnológicos, geradores de tensões.
Este novo cenário, demanda ou requer do Governo, a adopção de uma nova abordagem de comunicação fundada na construção de relacionamentos sólidos entre o Estado, a População e a esfera mediática.
Para que este novo paradigma de comunicação seja efectivo, é importante que a comunicação governamental, seja entendida como uma ferramenta estratégica para consolidação do estado de direito e democrático, através da promoção de um diálogo construtivo entre os cidadãos e os órgãos do poder do Estado, e entre os cidadãos entre si, sustentada pelos princípios do direito à informação e pelo dever dos governantes de informar, conforme a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Para concretização destes objectivos e desenvolver um novo paradigma de comunicação governamental, penso ser fundamental adoptar as seguintes acções estratégicas:
É importante que os profissionais das relações públicas sejam capazes de inserir a comunicação governamental num processo produtivo, com a implementação de programas inovadores e eficazes de comunicação, tendo em vista um entendimento cordial entre a classe política e os públicos-alvo, colocando desta forma, as relações públicas como o motor de toda a máquina de comunicação ao nível da GOVERNAMENTAL, pois as suas práticas imprimem dinamismo institucional, funcionando como principal indicador do posicionamento de imagem e de ideologia, numa altura em que as disputas políticas pelo poder são cada vez mais acirradas.
Por: Victor Nhatitima
Consultor I Gestor de Comunicação e Relações Públicas
Especialista em Gestão de Projectos Socias
Membro Fundador da APRPM – Associação de Profissionais de Relações Publicas de Moçambique
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