Faleceu na noite de ontem (27), na cidade da Beira, o multifacetado empresário Zaide Aly, vítima da COVID-19. Proprietário de uma das maiores e mais emblemáticas unidades hoteleiras da capital sofalense, o Hotel Moçambique, Aly terá começado a sentir os primeiros sinais da doença há coisa de uma semana, altura em que terá sido infectado. Tanto é, que justamente nesse período, o empresário começou por receber cuidados médicos no seu domicílio.Apesar de já ter tomado as duas doses da vacina contra a COVID-19, o estado de saúde de Aly não melhorou, o que levou a que a sua família decidisse transferi-lo para uma renomada clínica privada – a SorriDente -, local onde viria a perecer na noite de terça-feira.Entretanto, na Beira, muitas informações contraditórias foram circulando nos últimos dois dias. Já na segunda-feira (26) corriam rumores segundo os quais o proprietário e “manager” do Hotel Moçambique teria perdido a vida. Todavia, o seu filho surgiu nas redes sociais a desmentir essa informação.
Menos de 24 horas depois, por volta das 21H00 de ontem, voltou a circular a mesma notícia. E uma vez mais, surgiu o inconformado filho de Zaide Aly a desmentir. Até que, pouco antes da meia-noite, uma nova informação foi posta a circular, dando conta do seu passamento, sendo que, desta feita, não apareceu qualquer nota da família a desmentir o ocorrido.
Aí houve a certeza que, infelizmente, era verdade: Zaide Aly perdera a vida, vítima do Coronavirus. Embora tenha iniciado a sua actividade empresarial na capital do país – de onde é oriundo – foi na cidade de Beira que Aly ganhou maior notoriedade na área, chegando inclusive à presidência da ABC – Associação Comercial da Beira, entre os anos de 2003 e 2009. Por exactos 30 anos (1991 – 2011), Zaide Aly foi o proprietário e gestor do “histórico” Hotel Moçambique.
Porém, para lá dessa que era a sua principal actividade empresarial, o finado esteve também envolvido noutros projectos e negócios, a nível da Província de Sofala, onde também se destacou como político (membro activo do partido Frelimo) – principalmente durante as campanhas eleitorais.
Vale referir, igualmente, que antes de fixar residência na Beira, há 30 anos, Zaide foi durante 11 anos (1978/89) proprietário do conhecido restaurante Taverna D’el Rey, em Maputo.
Também Ele foi um dirigente desportivo de nomeada, no seu clube de coração o GDM – Grupo Desportivo de Maputo. Ali ganhou notoriedade. Juntamente com outro conhecido dirigente “alvi-negro” – Carlos Duarte, também ele já falecido – Aly esteve no epicentro das transferências de Daniel Calton Banze e Ali Hassan, do Desportivo de Maputo para o Sporting CP, em 1988, numa altura de pouco abertura do estado para a “exportação” de atletas para o estrangeiro. Até aí apenas Chiquinho Conde havia “emigrado”, no ano anterior, para o futebol luso (Belenenses).Zaide defendia os interesses do GDM como ninguém. Batia-se até às últimas consequências. Exemplo disso foi em 1989, aquando da polémica transferência do internacional Faustino (lateral-esquerdo) do Águia d´Ouro para o Desportivo de Maputo, numa pendenga que foi parar às instâncias judiciárias. Zaide Aly, claro está, levou a melhor.
Tão ligado estava ao GDM que, mesmo a residir na Beira, o empresário não faltava às grandes reuniões do clube.Foi também do Desportivo que Zaid Aly “levou” Mutuhalibo Mahomed (irmão do técnico Uzaras) – antigo craque e dirigente daquela colectividade – para a cidade da Beira. Sendo um homem de sua confiança, Mutuhalibo esteve como gerente do Hotel Moçambique por mais de 20 anos.Enfim, foi-se mais uma figura da nossa praça, vítima da maldita pandemia. (Homero Lobo)